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ALFINETE DE PAPEL
Em sombra,
a hora H morta,
reclamada por tudo e por nada.
Em beijo como esponja
em tónico de vinagre numa ferida.
Como milagre sem autor.
Imprestável desculpa, sem dor.
Teimosa raia da forma obscura,
de conceito surdo, alheio à letargia.
Mania em alfinete de papel,
cascavel feita de arames farpados.
Instilados na carne da sede,
vedada por afastares imoderados.
No canto dos olhos,
o dia D espalhado em nada,
as sobrancelhas rentes à mutação do pensamento.
Profundo hilário, sino de águas impotáveis.
A alma deitada no atraso do tempo, vaiada.
O corpo exagerado em buraco,
num baralho de cartas embriagadas.
Madrugadas sem sina,
ao de cima de um cacto já sem espinho,
sozinho na pálpebra de um demónio afoito.
Em coito de noites e dias,
sóis paridos de universos desfolhados
num livro em foice a pé que ceifa o silêncio.
Palpites pacientes,
ervas altas em momento raso,
fluxo de luas enraizadas na maré.
Foi-se a fé com essa foice a pé que ceifa o silêncio.
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Poesia :
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Comentários
Alfinete de papel
Alma labiríntica, em palavras trocadas.
Parabéns!
Bjo :)