ARDOR QUE ME ABALROA TROVADOR

Pedaços de gritos.

Gemem lúgubres
do fundo das entranhas
o terror semeado pelo medo
impregnado na consciência.

Ardor que me abalroa trovador.

Refugio-me no formigueiro
da poesia friorenta ao cair das noites.

Madrugadas antro
de teimosias que em mim rugem feras
num balido de saudade.

Olho para o que sou assustado com estrépito infinito.

Inesgotável efervescência
cavalgando insólita o meu esboço mental.

Abeiro-me de margens sinuosas.

Enquanto homem,
medito a insónia nua da vida que me aprisiona ao corpo.

Caminho pelo imaginário
a beijar a imortalidade da alma
empoleirada na asa do desconhecido.

Atreve-se uma luz de esperança
trespassar a inquietude da minha voz.

Caio diante o odor alvacento das flores
que engendram a primavera sobre uma sepultura.

Pintura do meu olhar
sobre perfumes que despojam o nada
derrubado pelo vento morno do papel onde escrevo o amor.

De amar-te a Marte são mil luas de ler-me
demasiado minúsculo diante o universo que me rapta.

Sinto cada verso um tanto que amo.