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Avenidas de mim


Lá fora, tão afora
Britas tilintam pés com dedos
Dentro do escuro mudo
Que às vezes
Em milagres fala
E no mover do tempo
Cala-se

Estrelas – boca da noite
Lua – olho que nos olha

Aqueles estranháveis dentes escalando um sorriso adulto
Aquela fronte enrugada cavando uma raiva.

O descontrole total de toda forma humana descrita por lábios
Rostos e olhares.

As coisas estão paradas
Minhas pernas imóveis
Às vezes andam pela estrada da conversa.
Sou prisioneiro do meu gelo,
Do meu frio.
Algum relógio ainda tagarela
Alguma parede aquém
Admite minha ausência.

Eis-me aqui espiritado incidentemente petulante.

Sentes solitário,
Não,
Não sentes solitário
Estás cercado pelo repleto de si,
Outros de si mesmo odeiam-te.

Palpar, palpar o único enlace para consigo mesmo.
Não estivemos aqui e aqui estamos
Vertidos em línguas amargas com sede de loucura.

Um corpo cai ao intento desvelar
De mil passagens oníricas,
Quão febris arrebentam um cérebro.

Ouçam crianças!
A raiva lutando nas veias quentes
Densa líquida escorre,
Intensa, carregada, profunda...
 

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quarta-feira, janeiro 5, 2011 - 13:58

Poesia :

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Alcantra

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Comentários

imagem de Henrique

escuro mudo

Vertidos em línguas amargas com sede de loucura.

Do meu frio algum relógio ainda tagarela...

 

Fantástico!!! :-)

imagem de Susan

Avenidas tortas que passam na

Avenidas tortas que passam na veia maldita do poeta ...

Explendido!!!!!!!!!!

Beijos

Susan

imagem de rainbowsky

Avenidas

Bom poema alcantra.

As avenidas nem sempre são o que queremos.

Na força de nós temos de conter e libertar muitas coisas.

Gostei particularmente destes versos:

 

As coisas estão paradas
Minhas pernas imóveis
Às vezes andam pela estrada da conversa.
Sou prisioneiro do meu gelo,
Do meu frio.

 

Um abraço

 

rainbowsky
 

imagem de rainbowsky

Avenidas

às vezes pergunto-me quais as avenidas que são certas e reais... 

Um abraço

 

rainbowsky
 

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