CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Ferro quente
O corpo está exposto ao ferro quente
Fritando couro
E a pele resiste tentando diminuir o fogo
Incandescente
Que guia o calor até a catedral da sensação.
Da infância à velhice
Do suplício à angústia
Ferro quente em brasas - santo avesso da punição
Arquétipo de dor num sorriso estéril.
Vibra lira malvada de cordas harmoniosas
Extraindo sofrimento
Alucinando gritos
Explodindo delírios
Lira de ferro quente em brasas rubras e radiantes
Contaminada por hábitos previsíveis da oca mansão sabença.
(Vibra, vibra, vibra arremesse fure o peito da felicidade
Que felicidade bebe depressão facilmente)
Mesmo que haja tempo como remédio
Mesmo que haja força para regenerar ferida
Ferida fica, cicatriz fica, memória fica, lesão fica...
Quando terminado o sacrifício outro ferro quente
Quente ferro latejante em brasas
Brasas latejantes
Pousa por sobre a antiga ferida
Ondulante vermelhidão do sol em sua tarde de ferro e temperatura sensitiva.
Grilhões inexistentes em metais e elos
Em lágrimas e lembranças
Em querer e não querer
Prisões existentes destes mesmos metais e elos
Só não o tocamos, mas sentimo-lo doloroso como costela fincada no pulmão.
E assim resistimos até acostumarmos com a dor que sempre se transforma em dor
Na dor que somos, na gemida constrangida sede de viver mais e mais,
Na camuflagem que nossos desejos encontram para fingir a aparência.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 856 leituras
Add comment
other contents of Alcantra
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Amor | Soma de poemas | 5 | 2.705 | 02/27/2018 - 11:09 | Português | |
Poesia/Geral | Abismo em seu libré | 0 | 3.102 | 12/03/2012 - 23:35 | Português | |
Poesia/Geral | Condado vermelho | 0 | 3.565 | 11/30/2012 - 21:57 | Português | |
Poesia/Geral | Ois nos beijos | 1 | 2.590 | 11/23/2012 - 10:08 | Português | |
Poesia/Geral | Dores ao relento | 0 | 2.838 | 11/13/2012 - 20:05 | Português | |
Poesia/Geral | Memórias do norte | 1 | 2.021 | 11/10/2012 - 18:03 | Português | |
Poesia/Geral | De vez tez cromo que espeta | 0 | 3.133 | 11/05/2012 - 14:01 | Português | |
Poesia/Geral | Cacos de teus átomos | 0 | 2.454 | 10/29/2012 - 09:47 | Português | |
Poesia/Geral | Corcovas nas ruas | 0 | 2.947 | 10/22/2012 - 10:58 | Português | |
Poesia/Geral | Mademouselle | 0 | 2.327 | 10/08/2012 - 14:56 | Português | |
Poesia/Geral | Semblantes do ontem | 0 | 2.181 | 10/04/2012 - 01:29 | Português | |
Poesia/Geral | Extravio de si | 0 | 2.892 | 09/25/2012 - 15:10 | Português | |
Poesia/Geral | Soprosos Mitos | 0 | 3.457 | 09/17/2012 - 21:54 | Português | |
Poesia/Geral | La boheme | 0 | 3.181 | 09/10/2012 - 14:51 | Português | |
Poesia/Geral | Mar da virgindade | 2 | 2.324 | 08/27/2012 - 15:26 | Português | |
Poesia/Geral | Gatos-de-algália | 0 | 3.189 | 07/30/2012 - 15:16 | Português | |
Poesia/Geral | Vidas de vidro num sutil beijo sem lábios | 2 | 2.452 | 07/23/2012 - 00:48 | Português | |
Poesia/Geral | Vales do céu | 0 | 2.358 | 07/10/2012 - 10:48 | Português | |
Poesia/Geral | Ana acorda | 1 | 2.732 | 06/28/2012 - 16:05 | Português | |
Poesia/Geral | Prato das tardes de Bordô | 0 | 2.502 | 06/19/2012 - 16:00 | Português | |
Poesia/Geral | Um sonho que se despe pela noite | 0 | 2.749 | 06/11/2012 - 13:11 | Português | |
Poesia/Geral | Ave César! | 0 | 3.072 | 05/29/2012 - 17:54 | Português | |
Poesia/Geral | Rodapés de Basiléia | 1 | 2.515 | 05/24/2012 - 02:29 | Português | |
Poesia/Geral | As luzes falsas da noite | 0 | 2.945 | 05/14/2012 - 01:08 | Português | |
Poesia/Geral | Noites com Caína | 0 | 2.416 | 04/24/2012 - 15:19 | Português |
Comentários
Re: Ferro quente
Poema forte, as aparências são uma forma do nada!!!
:-)
Re: Ferro quente
Dor que vibra na reverberação, auto-imposta, escolhida, dor de vida, recurrente ferida que vira arte, sade e Sartre dançando até o raiar do dia.
Assim é a vida para quem cultiva ferida.
Gostei muito de ler.
Grande abraço.
Re: Ferro quente
Sempre bem vinda, cara analyra.
Alcantra
Re: Ferro quente
Mesmo que haja tempo como remédio
Mesmo que haja força para regenerar ferida
Ferida fica, cicatriz fica, memória fica, lesão fica...
OLá Alcantra
Sempre que por aqui passo, entro num mundo novo, que apesar da velhice, se transforma, preenchendo espaços, amenizando o tempo que falta para lançar ao vento as marcas deixadas por uma vida inteira.
De facto, a vida é mesmo assim da forma como a descreves. Gosto de te ler e de sentir que por detrás das palavras está alguém muito grande que faz a vida ser e parecer gigante a par da grandeza dos tempos
UM beijo grande
Matilde D'Ônix
Re: Ferro quente
Olá Alcantra,
Gostei muitoo do teu poema!!
Ele é realmente um ferro quente queimando estigmas e fazendo brotar sensações transfiguradas entre a dor e a sede de viver...
Abraço
Suzete Brainer.