CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Ferro quente

O corpo está exposto ao ferro quente
Fritando couro
E a pele resiste tentando diminuir o fogo
Incandescente
Que guia o calor até a catedral da sensação.

Da infância à velhice
Do suplício à angústia

Ferro quente em brasas - santo avesso da punição
Arquétipo de dor num sorriso estéril.

Vibra lira malvada de cordas harmoniosas
Extraindo sofrimento
Alucinando gritos
Explodindo delírios
Lira de ferro quente em brasas rubras e radiantes
Contaminada por hábitos previsíveis da oca mansão sabença.

(Vibra, vibra, vibra arremesse fure o peito da felicidade
Que felicidade bebe depressão facilmente)

Mesmo que haja tempo como remédio
Mesmo que haja força para regenerar ferida
Ferida fica, cicatriz fica, memória fica, lesão fica...

Quando terminado o sacrifício outro ferro quente
Quente ferro latejante em brasas
Brasas latejantes
Pousa por sobre a antiga ferida
Ondulante vermelhidão do sol em sua tarde de ferro e temperatura sensitiva.

Grilhões inexistentes em metais e elos
Em lágrimas e lembranças
Em querer e não querer
Prisões existentes destes mesmos metais e elos
Só não o tocamos, mas sentimo-lo doloroso como costela fincada no pulmão.
E assim resistimos até acostumarmos com a dor que sempre se transforma em dor
Na dor que somos, na gemida constrangida sede de viver mais e mais,
Na camuflagem que nossos desejos encontram para fingir a aparência.

Submited by

terça-feira, abril 6, 2010 - 00:44

Poesia :

No votes yet

Alcantra

imagem de Alcantra
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 9 anos 17 semanas
Membro desde: 04/14/2009
Conteúdos:
Pontos: 1563

Comentários

imagem de Henrique

Re: Ferro quente

Poema forte, as aparências são uma forma do nada!!!

:-)

imagem de analyra

Re: Ferro quente

Dor que vibra na reverberação, auto-imposta, escolhida, dor de vida, recurrente ferida que vira arte, sade e Sartre dançando até o raiar do dia.
Assim é a vida para quem cultiva ferida.
Gostei muito de ler.
Grande abraço.

imagem de Alcantra

Re: Ferro quente

Sempre bem vinda, cara analyra.

Alcantra

imagem de ÔNIX

Re: Ferro quente

(Vibra, vibra, vibra arremesse fure o peito da felicidade
Que felicidade bebe depressão facilmente)

Mesmo que haja tempo como remédio
Mesmo que haja força para regenerar ferida
Ferida fica, cicatriz fica, memória fica, lesão fica...

OLá Alcantra

Sempre que por aqui passo, entro num mundo novo, que apesar da velhice, se transforma, preenchendo espaços, amenizando o tempo que falta para lançar ao vento as marcas deixadas por uma vida inteira.

De facto, a vida é mesmo assim da forma como a descreves. Gosto de te ler e de sentir que por detrás das palavras está alguém muito grande que faz a vida ser e parecer gigante a par da grandeza dos tempos

UM beijo grande

Matilde D'Ônix

imagem de SuzeteBrainer

Re: Ferro quente

Olá Alcantra,
Gostei muitoo do teu poema!!
Ele é realmente um ferro quente queimando estigmas e fazendo brotar sensações transfiguradas entre a dor e a sede de viver...
Abraço
Suzete Brainer.

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Alcantra

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Amor Soma de poemas 5 2.020 02/27/2018 - 12:09 Português
Poesia/Geral Abismo em seu libré 0 2.229 12/04/2012 - 00:35 Português
Poesia/Geral Condado vermelho 0 2.831 11/30/2012 - 22:57 Português
Poesia/Geral Ois nos beijos 1 1.899 11/23/2012 - 11:08 Português
Poesia/Geral Dores ao relento 0 2.213 11/13/2012 - 21:05 Português
Poesia/Geral Memórias do norte 1 1.319 11/10/2012 - 19:03 Português
Poesia/Geral De vez tez cromo que espeta 0 2.341 11/05/2012 - 15:01 Português
Poesia/Geral Cacos de teus átomos 0 1.761 10/29/2012 - 10:47 Português
Poesia/Geral Corcovas nas ruas 0 2.316 10/22/2012 - 11:58 Português
Poesia/Geral Mademouselle 0 1.604 10/08/2012 - 15:56 Português
Poesia/Geral Semblantes do ontem 0 1.680 10/04/2012 - 02:29 Português
Poesia/Geral Extravio de si 0 2.209 09/25/2012 - 16:10 Português
Poesia/Geral Soprosos Mitos 0 2.712 09/17/2012 - 22:54 Português
Poesia/Geral La boheme 0 2.474 09/10/2012 - 15:51 Português
Poesia/Geral Mar da virgindade 2 1.675 08/27/2012 - 16:26 Português
Poesia/Geral Gatos-de-algália 0 2.404 07/30/2012 - 16:16 Português
Poesia/Geral Vidas de vidro num sutil beijo sem lábios 2 1.741 07/23/2012 - 01:48 Português
Poesia/Geral Vales do céu 0 1.510 07/10/2012 - 11:48 Português
Poesia/Geral Ana acorda 1 2.102 06/28/2012 - 17:05 Português
Poesia/Geral Prato das tardes de Bordô 0 1.896 06/19/2012 - 17:00 Português
Poesia/Geral Um sonho que se despe pela noite 0 1.860 06/11/2012 - 14:11 Português
Poesia/Geral Ave César! 0 2.575 05/29/2012 - 18:54 Português
Poesia/Geral Rodapés de Basiléia 1 1.686 05/24/2012 - 03:29 Português
Poesia/Geral As luzes falsas da noite 0 2.526 05/14/2012 - 02:08 Português
Poesia/Geral Noites com Caína 0 1.759 04/24/2012 - 16:19 Português