Coelhinho, Coelhinho

De fronte em contre a um espelho,
Desengoçadamente sentado,
Estava um pequeno coelho,
A afiar uma grande machado.

De sobre-olho bem aberto,
Desafiando o coelho do outro lado,
Não lhe escapava qualquer reflexo,
De outro machado bem afiado.

Quanto mais o empenho da sua reflexão,
Mais o coelho se esforçava a acompanhar.
Não por simples precaução;
Era um duelo que queria reclamar!

Dedicadamente esforçados.
(Tanto ele como o seu semelhante)
Notaram-se completamente esgotados.
E pararam no mesmo instante.

Uma troca de olhares intimidante,
Um suspiro ritmicamente sincronizado.
E por fim um desejo incessante,
De erguerem ambos o machado.

E assim fizeram sem hesitar
Entrevendo-se uma vez mais,
Ambos com o seu machado no ar,
Atacaram-se como animais.

Estilhaços reflectidos em manchas de sangue,
Penetraram o pelo do pequeno coelho.
Enquanto viu o pelo do seu semelhante,
Cobrir-se por um manto vermelho.

De fronte encontre a um espelho estilhaçado,
Desengonçadamente estendido.
Estava um pequeno coelho ensanguentado.
Que se questionava quem teria morrido.