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Compêndio narrativo de um peregrino em uma vila de antigamente
A gente é honrada
Os homens são trabalhadores
Saem cedo para a roça e só voltam com o entardecer
Enquanto as mulheres cuidam das crianças
Algumas descem ao rio
Com suas bacias na cabeça
Batem as roupas nas pedras
Enquanto conversam animadamente
As crianças brincam nas águas do rio
Elas ignoram a lenda do minhocão
Afinal, quem acredita em uma história dessas?
Há homens já idosos Sessenta, setenta e alguns até com oitenta anos
Eles contam causos de antigamente
Da época em que chegavam nos barcos
A mercadoria para o armazém
E as notícias do mundo europeu
Enquanto ali nas janelas
As mulheres trocavam informações
Sobre o belo moço que estava no baile do fim de semana
As crianças brincam nas calçadas
Fazendo grande algazarras.
Alguns dos homens devem muito réis
Nas casas de prazeres
E a dona de um deles vivem ameaçando-lhes
Para pavor das donas de casa
Enquanto as crianças correm para pegar as mangas
Espalhadas pelo chão depois do vento forte
E a chuva que caiu na vila.
Tudo é tão monótono
Parece que o mundo só existe por aqui
Onde as pessoas são felizes
Nas margens deste caudaloso rio
Uma vida inteira poderia viver
Desfilam as moças pela praça
Vestidos de veludos e tecidos coloridos
Enquanto as mulheres são muito mulheres e não muito devotas
Os homens se encantam com as donzelas
Protegidas por seus senhores imponentes em seus cavalos.
O por do sol revela o encanto de uma iluminura
Que parece ter sido pintada pelo maior artista do mundo
Uma beleza tão magnífica que nunca irá sair da minha mente
Enquanto as crianças brincam pelos campinhos de terra
Eu me despeço silenciosamente deste lugar
E sigo minha viagem
Paro por alguns minutos para registrar as minhas impressões
No compêndio da minha existência.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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