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ESPIRAL DE SONETOS PTE 2

101

Vontade de te amar se faz urgente
E forma rara plêiade de sonhos,
Repartem pensamentos mais risonhos
E ganham todo o espaço num repente.

O quanto em puro amor já se pressente
Dias melhores onde houve tristonhos,
Não quero perseguir gozos bisonhos,
Apenas que prossiga o amor da gente.

Um velho caminheiro sem descanso,
Fazendo da esperança o seu remanso
Num ato benfazejo, sempre exclama

E mostra ser possível liberdade
Enquanto cultivar felicidade,
Negando a dor solene, amargo drama.

102

Negando a dor solene, amargo drama
Avanço sem temores, ganho o cais,
Estrelas derramadas, sensuais,
Decoram todo o quarto, nossa cama.

Desejo que atendamos quando chama
Em movimentos loucos, divinais,
Não quero te perder, amor, jamais,
À noite uma vontade nos inflama

E o jogo continua sem descanso,
Depois a calmaria de um remanso
Sentindo o bom perfume das madeixas

Que tocam o meu rosto- tentação,
E entregue a tais desígnios da paixão,
Decifro teus desejos, tuas deixas.

103


Decifro teus desejos, tuas deixas
E sigo em noite insana. Madrugada
Em meio a tempestades, velhas queixas,
Já deixam perceber uma alvorada

Além do quanto queres, mas não deixas.
Ao ter em sol imenso nossa estada,
Rainha se desnuda invoca as gueixas
E molda uma vontade disfarçada.

Nos seixos espalhados, mesmo rio,
Encontro em cachoeiras, desafio
E sigo peneirando o bem da vida.

E tendo esta nudez maravilhosa,
Ao perceber perfumes desta rosa
Entorno uma esperança tão querida.

104

Entorno uma esperança tão querida,
Caminho entre estas fontes deslumbrantes
E penso em paraísos por instantes,
Minha alma enamorada e distraída...

Há tanto que buscara nesta vida
E nunca percebera interessantes
Momentos sensuais e provocantes,
Na força desta sanha concebida

Açoda-me a alegria, eu alço os céus
E a noite derramando raros véus,
Estende-se em luar, regendo os passos

De um venho caminheiro apaixonado,
E agora que te tenho aqui do lado,
Só quero em minha noite os teus abraços.


105


Só quero em minha noite os teus abraços.
Que servem de acalanto e proteção,
Vencido pela força em sedução
De quem eu procurei seguir os passos.

Recolho minhas luzes nos teus braços
E vejo ao fim do túnel, redenção.
Agora que encontrei a solução,
Não quero cometer mais erros crassos.

Sou teu e tudo eu faço para ter
Felicidade boa de beber
Seguindo cada rastro abençoado

Que deixas quando passas por aqui
Sentindo o puro amor que descobri,
Mostrando ao fim da estrada um raro prado

 

106

Mostrando ao fim da estrada um raro prado
Prossegue a companheira de viagem,
Amar é uma eterna aprendizagem,
Às vezes é melhor ficar calado.

Enfrento a calmaria e mesmo o enfado
Sabendo que virá em nova aragem
O dia desejoso e tão sonhado,
Prazer tendo em teu corpo uma estalagem.

Se díspares buscamos mesmo senso,
Diverso do que queres quando penso,
Procuro coordenar até o fim

Sabendo ser possível a unidade
Vivendo plenamente em amizade,
Encontro aqui, contigo, amor enfim.


107

Encontro aqui, contigo, amor enfim.
E bebendo desta água eu não me canso,
O vento vem trazendo em seu balanço
O jeito de viver gostoso assim.

Tu és o que melhor existe em mim,
Certeza que apascenta o meu remanso
E traz em gesto alegre, vivo e manso
O cheiro da esperança. Quero assim

A vida que se dá pra quem se deu,
Estrela em fantasia se verteu
E trama em minha noite os universos

Longínquos de meus olhos, mas à mão.
No amor que é todo nosso, a comunhão
Trazendo algum sentido pr’os meus versos.


108

Trazendo algum sentido pr’os meus versos
Enfrento vigorosas tempestades,
Ouvindo plenamente tais verdades
Os dias com certeza vão dispersos...

De todos os meus sonhos, os seus berços
Cobertos pelas flores das saudades
Promete ao final, tranqüilidades,
Em gozos e prazeres mais diversos.

Nas mãos eu trago espinhos, pedregulhos,
Mas tendo a sensação de outros mergulhos
Afasto qualquer forma de perigo.

Depois que conheci amor perfeito
Matando a tempestade, e desse jeito,
Agora até sorrir em paz, consigo.

109

Agora até sorrir em paz, consigo,
Sabendo que enfrentei revoluções,
Os duros temporais, mil furacões,
Dormindo em mais completo desabrigo.

Colhendo bem mais joio do que trigo
Deixando para trás as plantações.
Nos olhos do amanhã, feras, leões
Na curva sempre em forma de perigo.

Amiga, amante, irmã e companheira,
Na mão que agora ampara mais ligeira
A paz toma lugar da tempestade.

A brisa costumeira que me acalma
Tomando num momento o corpo e a alma,
Aos céus vai penetrando e logo invade.


110


Aos céus vai penetrando e logo invade
Tomando cada rua e cada beco,
Arrebenta as represas e ganha eco
Espalha-se depressa na cidade.

Toando em explosão, felicidade,
Alaga um coração outrora seco,
E neste emaranhado, eu quero e peco
Bebendo até total saciedade.

No intenso fogaréu, uma esperança
Avança e não se cansa desta andança
Que trama um gosto raro; adentra o mar

Derrama no infinito tanta luz,
E o sol que farto brilho reproduz,
Espreita esta alvorada a debruçar.


111

Espreita esta alvorada a debruçar
Por sobre as flores todas do jardim,
O sol ao ver beleza, vai enfim
Deitar a maravilha sobre o mar.

Em cores tão diversas, decorar
O mundo que guardei dentro de mim,
Na tela que se mostra, sigo assim,
Sentindo o quanto é raro e belo amar.

Quarando uma esperança no varal,
O riso delicado e sensual
Convida e a festa, eu sei, nunca termina.

Na dança que se faz revolução
Eu verto sobre ti, com devoção
E bebo o meu prazer na doce mina.


112


E bebo o meu prazer na doce mina
Depois da dura seca que passei,
Agora que este oásis encontrei
Vontade de um mergulho me domina

E sigo no teu corpo a minha sina
De ter farto prazer que eu já busquei
Em terras tão diversas, só eu sei...
A lua em fantasias me alucina

E mostra novamente as nossas flores
Com pétalas diversas, multicores,
Suave melodia, sonhos gera.

O quanto eu te desejo, assim confesso
Emoldurado em luz, em versos peço:
Somemos nossos cantos, primavera,

113


Somemos nossos cantos, primavera,
Estrela que se fez em céu e mar.
Ao aprender o gosto de te amar,
Apascentei a dor, temível fera.

De tudo o que sonhei, em farta espera,
Percebo que encontrei sob o luar
O brilho que me embebe devagar
E em louca sedução vem e tempera.

Tocado por estrelas tão diversas,
Vagando pelo mar luzes dispersas
Sentindo uma alegria qual torrente.

Do céu aos mais profundos abissais,
Do mar aos infinitos sóis astrais,
Eu vou seguindo a vida simplesmente.

 

114


Eu vou seguindo a vida simplesmente.
Fazendo meus repentes sobre amor,
O coração se mostra sonhador
E deita sobre um sonho inconseqüente.

Aos borbotões palavras em torrente
Nadando neste mar: computador,
Às vezes passam ágeis, com vigor,
Brotando em turbilhão desta vertente.

Nascentes e cascatas, fontes tantas,
Palavras são profanas, mesmo santas
E fazem deste amor, caminho e foz.

As frases vão girando na ciranda,
Deitando o meu lirismo na varanda,
Sentindo o sol brilhando sobre nós.


115

Sentindo o sol brilhando sobre nós
Percebo quanto é boa a nossa vida.
Na boca sinto o gosto da bebida
Roubada num desejo mais feroz.

Mantendo bem distante a dor algoz,
A solidão há tempos esquecida
Jogada n’algum canto, envelhecida,
Autofágica morre em frios nós.

Assim, dois andarilhos tão unidos,
Destinos e desejos parecidos,
Tramando nesta vida comuns traços

Já sabem do prazer de tanto amar,
Eclipsando o meu sol em teu luar
Tendo a minha sina nos teus passos.

 

116


Tendo a minha sina nos teus passos
Esqueço o que passei, ergo a cabeça,
O sonho de viver já recomeça
Deixando os medos pálidos e lassos.

Respeito teus caminhos, teus espaços,
Mas peço, meu amor nunca me esqueça
Não tendo mais na vida tanta pressa
Caminho par a par; estreitos laços.

Somando o que nós somos, eu vejo um,
Não quero te perder de jeito algum
No barco da existência nossos remos

Unidos demonstrando que união
Permite que se encontre a solução
A par do sonho raro que vivemos.


117


A par do sonho raro que vivemos
Sentindo todo o visgo deste amor,
Percebo este poder transformador
E vago pelo rumo que escolhemos.

De toda a luz que em glória recebemos,
Mosaico de alegrias a compor
Um mundo mais sublime ao meu dispor
Além do céu imenso que nós vemos.

Ao ter nos olhos brilho da esperança
A gente vai dançando a mesma dança
No brilho que te entrego e que recebo

Dos olhos desta bela namorada,
História que passei; abandonada,
Martírios que vivi; já não concebo.

118


Martírios que vivi; já não concebo
Nem deixo mais a dor me conquistar,
Tristezas vão em bando, volto ao mar,
No fogo do prazer que ora recebo.

Um novo amanhecer, enfim percebo
Depois de tanto tempo a divagar,
Aflora no meu peito o bem de amar,
Teu néctar mavioso; agora bebo.

Quem fora simplesmente um sonhador,
Ao ver amanhecer a recompor
Estrada que trazia o mesmo não,

Não pode mais deixar de agradecer
Ao ver em belos dias perecer,
Verdugo de meus dias, solidão.


119

 

Verdugo de meus dias, solidão
Do sofrimento faz sua alegria,
Matando pouco a pouco, a cada dia
Impede que se veja a redenção.

Repete eternamente o mesmo não,
Trazendo a tão voraz melancolia,
Não tendo do meu lado quem queria
O vento transformado em furacão.

Porém ao ter comigo esta presença
Que traz nas mãos consigo a recompensa
Depois de tanto tempo assim de espera.

Teus olhos me remetem ao futuro
E sinto que virão do céu escuro,
Enchentes de florais na primavera.


120

Enchentes de florais na primavera
Certeza de um perfume inesquecível,
Amor quando se mostra indivisível
Já torna bem mais mansa a louca fera.

Deitando o seu luar sobre a tapera
A lua traz no amor o seu fusível
E mostra, na verdade ser possível
O sonho que se quer e que se espera.

Temperos que encontrei nos lábios teus,
Adoçam ilusões, matam adeus
E põem tal fartura em nossa mesa.

De tanto que te quis e te esperei
Agora grito ao mundo que encontrei
Uma esperança feita em fortaleza.


121


Uma esperança feita em fortaleza
Não pode ser calada ou destruída,
Pois sendo a cada dia, construída
Expressa com vigor, farta beleza.

Nos olhos de quem amo tal grandeza
Ao ver uma esperança refletida,
Percebo que encontrei em minha vida
Depois da negação, esta certeza

De ter já concebido o meu futuro
Moldado em sentimento bem mais puro,
Depois da dura queda estou refeito;

Ao ter uma alegria como cais
Eu sinto que se foi pra nunca mais
A dor que latejara no meu peito.


122

 

A dor que latejara no meu peito
Aos poucos se esvaindo lentamente,
Ao ver que posso amor tão plenamente
O meu prazer em ti; querida, eu deito.

Vanglória que me ufana a cada feito,
Invade com desejos minha mente,
Entorno esta vontade que é da gente
E tudo o que fizeres é perfeito.

Na sílfide divina e colossal,
O riso desejado e sensual
Encharca de vontades e ternuras...

Uma escultura rara em puro encanto
Permite-me dizer que eu quero tanto
Teu corpo; a mais divina das molduras.


123

 


Teu corpo; a mais divina das molduras
Espalha em minha cama mil prazeres,
Ao ter a mais perfeita das mulheres
Esqueço antigas dores, amarguras.

Enquanto a noite é plena de ternuras
Marcada pelo gozo dos quereres
Misturas que se fazem de dois seres
Promessas mais sublimes de loucuras.

No encanto que irradias; sol profano,
O tempo de viver vai soberano,
Permite vislumbrar, da terra o Céu.

E sinto o quanto quero o teu querer,
Enovelando os corpos, posso ver:
Galopa em liberdade o meu corcel!

 

124

Galopa em liberdade o meu corcel
Sentindo este bafejo da esperança,
Nas mãos que se procuram já se alcança
O gozo da ventura em carrossel.

Vertendo em tua boca puro mel,
A noite vaga intensa em louca dança,
A dor ludibriada enfim se cansa
A fantasia cumpre o seu papel.

E vejo, depois disso, renascer
O dia claro, envolto no prazer
Que a cada novo toque em gozo mina.

Imerso na beleza desta trama
A vida em profusão; sinto, se inflama
No sol que nos bendiz quando ilumina.


125


No sol que nos bendiz quando ilumina
Persigo cada rastro que deixaste,
O brilho que eu bem sei, tu entornaste
Há tempos com certeza, me fascina.

Desfilas o sorriso de menina
Que traz tanta pureza por contraste,
Sabendo das ternuras que encontraste
No amor em perfeição, sublime mina.

Perdoe se te falo num soneto
Que em ti, e tão somente eu me completo,
Não quero caminhar sozinho e cego.

Apenas que me escutes, eu te quero
Desejo tresloucado mostra esmero
No quanto que te quero e nunca nego.

126


No quanto que te quero e nunca nego
Eu moldo o meu futuro antes incerto,
Pois tendo o teu carinho aqui por perto
Um mar de imensos sonhos eu navego.

À vida refazendo antigo apego
Trazendo uma esperança em meu deserto
Carinhos e desejos que eu te oferto
E a cada poesia; amor, entrego.

Eu tento disfarçar, mas não consigo,
No quanto eu te desejo e tenho abrigo
Apenas no teu corpo sensual.


Numa homenagem justa ao deus amor,
Num brinde à poesia a te propor
Ergamos belas taças de cristal.


127


Ergamos belas taças de cristal
Iremos, depois disso ao infinito,
Fazendo da emoção o nosso rito,
Navego espaço aberto, sideral.

O beijo que transforma, sem igual,
Ao ter o teu carinho, o céu eu fito,
Derretes a dureza do granito,
Tu és da minha vida, sol e sal.

Eu tenho os olhos tristes de quem teve
A vida num inverno feito em neve,
Porém a primaveras se pressente

Ao ver nos olhos claros, meu farol,
Tocado dentro da alma, um girassol
Levado pela luz numa torrente


128

Levado pela luz numa torrente
Invado o amanhecer de uma esperança.
Traçando o meu futuro, na lembrança
Passado vai morrendo, felizmente.

Por mais que a solidão, audaz, já tente,
Eu tenho uma alma livre de criança
Fazendo com meus sonhos a aliança
Que sempre me permite estar contente.

Farrapos esquecidos, nem resquícios,
Consigo ultrapassar os precipícios,
Pois tenho o pensamento mais veloz

Saltando simplesmente, ignoro o muro
Trazendo o coração sincero e puro
Não temo o que virá depois, após.

129

Não temo o que virá depois, após
O tempo em que passamos tão distantes,
O rio se perdendo em variantes
Diversas do que fora, outrora, a foz.

O pensamento livre é mais veloz,
Mas segue por caminhos inconstantes.
Alvoreceres vários já garantes,
Porém a solidão se torna algoz.

Revendo os erros todos cometidos
Vontades vão roçando os meus sentidos
E entrego-me na força de teus braços

Sabendo que depois de tanto tempo
Encara novamente um contratempo,
O coração imerso em belos paços


130


O coração imerso em belos paços
Invade qualquer rua ou quarteirão,
Nos jogos tão difíceis da paixão
Errando, muitas vezes, perco os passos.

Desejos e prazeres mais devassos
Enfurnam-se no fogo em sedução,
Causando enfim, em nós, revolução,
Adentra as nossas carnes. Firmes aços.

Partindo do que fomos – seres sós,
Nas asas deste sonho, mais veloz,
No intenso vendaval que recebemos;

Depois de conhecermos o naufrágio,
Qual velho timoneiro, sábio e ágil,
O amor toma nas mãos o leme, os remos.


131


O amor toma nas mãos o leme, os remos
Enfrenta os vendavais, cabeça erguida.
Mudando assim o norte em nossa vida
No quanto em dor, prazer; nós recebemos.

Nos céus quando nublados, percebemos
A luz que, eu sei, virá mais decidida
A dor em esperança convertida
E nela, amanhecer que inda teremos.

Vagando em turbilhão, nos apascenta,
Na calmaria plena e violenta
De um gêiser refrescante aguardo e bebo

Ancoro uma alegria em turbulência
Tomado pelo doce efervescência
Carinhos mais gentis; dou e recebo.

132

Carinhos mais gentis; dou e recebo
Embora muitas vezes tenha o não
Como resposta a tal proposição,
Um dia bem melhor, sempre concebo.

Do imenso sentimento eu já percebo
O seu poder maior: transformação.
E mesmo quando encontro a negação,
O gozo da esperança eu quero e bebo.

Nos olhos de um amigo, de um amor,
Eu creio em outro dia a se compor
Deixando no passado, a solidão.

Querendo deste bem à saciedade
Amor vem soerguendo a liberdade
Deixada para trás no rés do chão.

 

ESPIRAL DE SONETOS PARTE 03

133


Deixada para trás no rés do chão
Rasteja pela casa a vil serpente,
Do quanto que se fez tão envolvente,
Morrendo pouco a pouco, a solidão.

Ao ter em novo amor, a redenção,
Um dia mais feliz já se pressente
E o corpo entregue ao lume incandescente
Do fogaréu imenso da paixão.

Sentindo em teu perfume esta evidência,
Na tua tez morena, a transparência
Do gozo sem limites, desfrutar.

Qual colibri que voa enamorado,
Chegando mansamente do teu lado,
Teu néctar; vou sorvendo com vagar.

134

Teu néctar; vou sorvendo com vagar
Até sentir-me pleno e saciado,
Do amor que tu me entregas, lambuzado,
Vontade de invadir e de ficar

Posseiro de teu corpo a me embrenhar,
Meu barco nos teus portos, ancorado
No mar do amor imenso, naufragado
Viagem sem limites e sem par.

Sem cercas ou fronteiras, somos um,
No gozo que se explode, um bem comum,
Não tendo qualquer forma de defesa

A lua dos amantes, sem juízo,
Ao pratear insano paraíso
Derrama sobre nós farta beleza,


135

Derrama sobre nós farta beleza
Constelação de cores mais diversas,
Unindo sensações antes dispersas,
Traz raras iguarias para a mesa.

E o quarto se transborda em correnteza,
Voando o pensamento em belos persas
Tapetes maviosos, gozos versas
E deitas fabulosa uma certeza

De ter as soluções nos frágeis frascos
Quebrando dos temores os seus cascos,
Eu sigo em tal magia, satisfeito,

A solidão distante e já sem prumo,
Sem norte ou direção, perdendo o rumo
Ao ver o seu caminho contrafeito


136


Ao ver o seu caminho contrafeito,
A dor em solidão nos abandona,
De todos os desejos és a dona,
Domando a rebeldia que em meu peito

Tornara em rumo incerto e insatisfeito
O vago que voltando sempre à tona
Enquanto a fantasia inda ressona
Incorpora a tristeza enquanto deito.

As farpas que trocamos vez em quando
Deixaram cicatrizes. Mas voltando
Os olhos para estrelas bem mais puras

Pudemos vislumbrar, com alegria
Um novo amanhecer que enfim seria
Repleto de prazeres e ternuras.

 

137


Repleto de prazeres e ternuras.
Que encontro tão somente em ti, querida,
Alvíssaras invadem nossa vida
Tramando o doce alento das loucuras.

Cerzindo com belezas emolduras
Em nós a maravilha pressentida
No quanto a luz se fez e foi vertida
Nas plêiades, fantásticas molduras.

Qual fora um beija-flor enamorado,
Vagando flor em flor, sinto ao meu lado
Depois de tanto vôo, cego, ao léu

Permito-me dizer do quanto é belo
Este mundo noviço que revelo,
Bebendo nesta boca o doce mel.


138

 

Bebendo nesta boca o doce mel
Que traz uma fartura feita em gozo,
O tempo de viver é caprichoso
E às vezes nos parece mais cruel.

Sentindo esta vontade em fogaréu,
No mar que se faz farto e melindroso
De uma tranqüilidade sou esposo
Galgando em tua pele ascendo ao céu.

A vida prosseguindo assim, suave
Não tendo mais tristeza que me entrave
Embarco nos teus sonhos de menina

Castelos que criamos. Fantasias,
E um mundo todo pleno em alegrias,
Felicidade imensa descortina.

139


Felicidade imensa descortina
Sorvendo cada gota de prazer,
O canto em que me sinto embevecer,
A cada novo instante determina

O rumo ao qual amor já nos destina,
Um deslumbrante e clara alvorecer.
No corpo enlanguescido eu posso ver
Beleza sem igual, diamantina.

Decifro os teus sinais e sigo os rastros,
No amor que me extasia tenho os lastros
E com toda certeza, assim trafego

Sem medo de encarar quaisquer tempestas,
Sabedor dos caminhos – curvas, frestas,
Ao bem de tanto amor, eu já me entrego.


140

Amor fazendo amor, prazeres gera
E nisso se refaz nova esperança,
No trilho que prossigo a cada andança
Acalmo toda dor, esmago a fera.

No peito de quem sofre; uma cratera
Destrói em solidão a confiança
Apenas no amor, tenho a fiança
De ver nascer mais forte a primavera.

Entrego cada passo, rumo certo,
Aguando em alegria o meu deserto,
Tocado pelo intenso vendaval.

Felicidade imensa se revela
Quando minha alma calma já se atrela
Ao bem que se mostrando sem igual.


141

Ao bem que se mostrando sem igual
O coração se faz doce e cativo,
Nas tramas deste sonho eu sobrevivo
E bebo cada gota, triunfal

O amor faz da alegria um ritual,
Do quanto sou feliz jamais me privo,
Erguendo o meu olhar, prossigo altivo
Já sei desta aventura o seu final.

Após perambular a vida inteira
Na busca sem limites, verdadeira
Cansado da mesmice de um adeus,

Depois de conhecer o duro inverno,
Atravessei os pórticos do inferno,
Chegando depois disso aos braços teus.

 

 

142


Chegando depois disso aos braços teus
Após os erros todos cometidos,
Enganos que já foram esquecidos
Percebo o quanto é triste um vago adeus.

Alegrias se dão em himeneus
Deixando os meus terrores destruídos,
Os dias mais felizes pressentidos
Invadem os sentidos, nossos, meus...

A par do que sentimos nada temo,
Nem toda a aleivosia, nem o Demo,
O mal adormecido não me alcança.

Ao ter tanta certeza aqui comigo,
No passo mais audaz sempre prossigo
Contendo em minhas mãos esta esperança.

 

143

 

Contendo em minhas mãos esta esperança
Menina bem travessa faz a festa,
O quanto que eu já tive, a vida gesta
Deixando o bom sabor de uma festança.

Uma esperança a mais amor alcança
E adentra qualquer pântano ou floresta
Loucuras de prazer, amor atesta
E a noite se permite vir mais mansa.

Joguete dos sentidos, riso e pranto,
Do quanto necessito, eu não me espanto
Escravo consciente da paixão.

Na força imorredoura deste sonho,
A cada novo verso eu te proponho
Fartura de esperança e de emoção.

 


144

Fartura de esperança e de emoção
Coloco a fantasia em cada verso,
Não quero mais saber de andar disperso,
Encontro finalmente a direção

Cansado de enfrentar o mesmo não
Eu quero abrir o peito ao universo,
Nos braços de quem quero, vou imerso,
E a vida agora mostra a perfeição.

Depois de tanto tempo, sendo frágil,
Após colecionar queda e naufrágio,
Encontro o meu destino verdadeiro.

Singrando os oceanos da loucura
Percebo o fim de toda esta procura
Levando para a praia o meu saveiro.


145


Levando para a praia o meu saveiro
Encontro no teu corpo, ancoradouro,
O derradeiro porto, o meu tesouro,
Meu sol de intenso brilho, alvissareiro.

Muito além de um prazer mais corriqueiro
Nas ondas de teus mares eu me douro,
E sinto finalmente o bom agouro
Roçando os meus lençóis, meu travesseiro.

Estampas num sorriso o quanto queres
Além deste desejo que conferes
A quem se fez cativo destes laços

Eternidade feita em atitude
Eu sinto renovar-me em juventude,
Vagando a noite, imerso nos teus braços.


146

Vagando a noite, imerso nos teus braços
Adentro pelas praias da loucura,
Estendo o meu navio na procura
De ter a plenitude dos espaços

Deixados no caminho, sigo os passos
De quem se fez distante da amargura,
Numa explosão sem par, farta ternura
Amenizando a vida, cala os aços.

Não quero mais amor em solilóquio
Seja em Paris, em Roma, Rio ou Tóquio
Eu quero estar contigo lado a lado.

Melancolia outrora uma vizinha,
Abandonada morre tão sozinha
Jogada na gaveta do passado.

147

Jogada na gaveta do passado
Lembrança que se fez um duro algoz,
A noite vem trazendo a sua voz
Deixando o coração desesperado.

O grito da esperança em alto brado
Socorre o pensamento e vem veloz,
De novo uma promessa traz os nós
Do amor que em pleno se fez atado.

De sentimentos frios e servis,
Marcando em ferro frio, a cicatriz
Não deixa uma alegria transbordar.

Porém ao ter aqui tua presença
Espero finalmente a recompensa
Agora que encontrei o bem de amar.


148

 

Agora que encontrei o bem de amar
A par do que sentimos vou em frente.
Meu peito ao se mostrar assim contente
Já sabe do prazer que irá chegar.

Partilha tão gostosa de tramar
Ao ter quem com carinho nos alente
Num toque mais suave a gente sente
O mundo em esperanças mergulhar.

Na dança a contradança se garante
E tudo se transforma ao mesmo instante
Em que nossos sentidos vão imersos

Trazendo à flor da pele a sensação
De quem já descobriu a direção
Vagando nos meus sonhos, nos meus versos.


149


Vagando nos meus sonhos, nos meus versos
Palavras multiplicam sensações,
Estrelas mergulhando aos borbotões
Medos vagalumeiam, vãos, dispersos.

Não quero mais rancores tão perversos
Nem mesmo em minha vida os turbilhões,
Bebendo da alegria tais poções
Adentro os mais incríveis universos

A sorte está lançada nestes dados,
Mudando com certeza, velhos Fados,
Prenúncios de alegria em minha vida.

Tristeza tão amarga de tragar,
Sumindo no horizonte devagar,
Nos olhos da esperança vai vencida.

 

150


Nos olhos da esperança vai vencida
Amarga solidão, temível fera.
Ao ter quem tanto quis em larga espera
Percebo um novo tom em minha vida.

Por mais que a noite venha a ser doída
Tua presença agora me libera
Ao mesmo tempo a luz se regenera
Aponta ao fim de tudo, uma saída.

Olhando o meu reflexo no teu rosto
Eu vejo o quanto quero estar exposto
Nesta vitrine imensa e magistral.

Reluzes com raríssima ternura
E a vida ao se mostrar plena ternura
Espelha esta beleza sem igual.

151

Espelha esta beleza sem igual
O rosto da mulher que me encantou,
Reflete num sorriso angelical
Aquilo que o amor proporcionou.

Na boca tão carnuda e sensual
O beijo da alegria se entornou,
Bebendo o teu prazer suor e sal
Concebo o que meu sonho em ti buscou.

Na tua morenice mais matreira
Explorador perfaz sua bandeira
E sabe o que deseja desbravar.

Amor que não permite uma fronteira
Percebe uma alegria verdadeira
Sentindo uma esperança aqui chegar.

 

152

Sentindo uma esperança aqui chegar
Eu faço de meu verso um estandarte
Podendo mansamente enfim, amar-te
Tocado pelo sonho, invado o mar

E sinto que é preciso navegar
Além de um infinito irei buscar-te
Teus rastros; espalhaste em toda parte,
Pressinto a imensidão a me tocar.

Não temo mais batalhas, labirintos,
Vulcões da solidão eu sei extintos,
E sinto a calmaria quando deito

Trazendo em nosso amor esta certeza,
Vencendo em destemor qualquer surpresa:
Uma esperança imersa em nosso peito.


153

Uma esperança imersa em nosso peito
Aos poucos vai mudando o meu caminho,
Pois quando em teu amor eu já me alinho
Felicidade mostra-se um direito.

O rumo para a glória é bem estreito,
Não permite sequer sonhar sozinho.
Arranco com firmeza cada espinho
Enquanto o meu destino, agora aceito.

Luzindo no vigor de uma manhã
Encaro com destreza cada afã
E a doce fantasia amor conduz.

Vencendo os temporais que eu encontrar
A vida com certeza irá brilhar
Não tendo em minha vida urze nem cruz.


154

Não tendo em minha vida urze nem cruz
Estendo o coração neste varal,
Enfrento qualquer medo ou temporal,
Sabendo que contenho imensa luz.

Ao vento da saudade eu já me opus,
E desta luta insana, triunfal,
Fazendo do teu corpo a catedral
Que imensa fantasia reproduz.

Ao ver depois de tudo, um horizonte,
A vida vai cessando o seu desmonte
Depois de tanto tempo em dura espera

Renasço e vou feliz, sabendo disto.
Repito novamente – sempre insisto-
Amor fazendo amor, prazeres gera.

 

155

 

Amor fazendo amor, prazeres gera
Círculo vicioso e benfazejo,
Extrema sensação, louco desejo,
Aflora a insanidade da pantera.

Rasgando no meu peito a primavera
Entranha as maravilhas que eu almejo,
Floradas sem igual; quero e prevejo,
Sem ter o sofrimento feito espera.

Felicidade é feita a cada dia,
Tocando pelo vento que queria
Transforma a tempestade em brisa mansa.


Alucinadamente, eu me inebrio,
Vertendo em doce insânia, este pavio,
Encanto em profusão, nossa aliança


156


Encanto em profusão, nossa aliança
Pressupõe risos francos, fartos gozos,
Trafego por espaços prazerosos
E à terna fantasia, amor alcança.

Olhar enamorado por léguas trança
Invade os arvoredos mais frondosos
Grileiro enfrenta os riscos tenebrosos
Até chegar à senda bela e mansa.

Caminhos que desvendam meus segredos
Permitem vislumbrar novos enredos,
Pujantes esplendores da esperança.

Envolto pela luz em que tu brilhas,
Por mais que sejam duras nossas trilhas
Quem ama de verdade não se cansa.

 

157

Quem ama de verdade não se cansa
Decifra todos os signos que encontrar,
Não teme mais distância, enfrenta o mar
E segue, peito aberto, com pujança.

Nas ruas e luares, a lembrança
Permite o que se quer rememorar,
Fazendo de teu porto o meu altar,
Numa alegria imensa de criança.

O coração de um triste sertanejo,
Entregue à sensação – calmo desejo,
Escuta um canto amargo do passado,

Mas tendo o plenilúnio de um amor,
Compõe num verso breve e sonhador,
Toada de um caboclo enamorado.


158

Toada de um caboclo enamorado
Espalha no sertão um canto leve,
A lua extasiada já se atreve
E chega com fulgores ao seu lado.

Distante de outro verso rebuscado
Espalha uma emoção sincera e breve,
A cada novo acorde já descreve
O quanto é bom estar apaixonado.

Na lírica explosão dos sentimentos,
O coração liberto exposto aos ventos
Encarna a divindade num segundo,

O simples sertanejo sabe bem
Que todo este universo já contém
Quem tem dentro de si amor profundo.

159


Quem tem dentro de si amor profundo
É quase um semideus, conhece a glória,
Não sabe mais da dor tão merencória,
Permite-se num sonho, novo mundo.

De toda esta alegria eu já me inundo
E sinto vir no vento uma vitória,
Estrada antes deserta, agora é flórea
Secando o pantanal, outrora imundo.

A lúdica emoção de ser criança
Na qual a fantasia enfim descansa,
Amor não mais se perde, um andarilho.

E tendo o raro lume que me invade,
Numa bonança após a tempestade,
Estrelas multiplicam farto brilho.


160


Estrelas multiplicam farto brilho
Espalham sobre a Terra diademas
Nos olhos sonhadores, seus emblemas
Vencendo qualquer forma de empecilho.

Atalho meus caminhos, sigo o trilho
Deixando bem distantes os problemas,
Querida, não há nada que tu temas
Nas sendas deste amor que eu engatilho.

A solidão que fora duro algoz,
Ao ter a percepção dos nossos nós
Aos poucos se apascenta e vira brisa.

Varrida para sempre dos caminhos,
Vencida pela força dos carinhos,
Numa esperança viva, ela agoniza.

161

Numa esperança viva, ela agoniza,
E morre pouco a pouco, lentamente,
Quem fora sempre sórdida, inclemente,
Transforma-se num vento manso, em brisa.

Às vezes um sorriso mimetiza,
Retrato que se mostra opalescente,
Porém amor já deixa transparente
E o sentimento em paz à glória visa.

Ao vê-la padecendo, eu regozijo
De todos os temores já me alijo,
Recebo o bom frescor da primavera.

Ao ter do manso amor clara certeza,
Levado por divina correnteza,
Esqueço a solidão, temível fera

162

 

Esqueço a solidão, temível fera
Ao ter tua presença aqui, comigo,
O quanto que passara em desabrigo
Na espreita, de tocaia, numa espera.

Aberta no meu peito, uma cratera
Exposta a qualquer forma de perigo,
O sentimento amargo e tão antigo
Durante a vida inteira me tempera.

Porém ao perceber tua atitude
Vencendo assim qualquer vicissitude
Recebo o vento amável que persigo.

Refazes com carinho a juventude,
Desta alegria imensa, faz-se açude.
Atando nossos nós, irei contigo.


163

Atando nossos nós, irei contigo
Cercado pelos brilhos deste sonho,
O quanto eu te desejo e te proponho
Um mundo mais feliz; quero e consigo.

Teus passos pela vida, agora eu sigo
E vejo amanhecer calmo e risonho,
Não tendo mais segredo vil, medonho
Enfronho meu destino em nosso abrigo.

Durante o duro inverno que passamos,
Frondosas esperanças, fortes ramos
Mostraram mais possíveis tais encantos,

Mudando num momento esta estação
Aquece-se na força de um verão
O frio em minhas mãos, tremores tantos...

164

O frio em minhas mãos, tremores tantos,
Enrijece meus dedos, corta fundo.
Atravessando o tempo num segundo
Eu busco a primavera em seus encantos.

Procuro os teus sinais vasculho os cantos,
Vagando sem descanso pelo mundo.
Em vértices diversos me aprofundo
E colho tão somente, dores, prantos.

Quisera poder ter a claridade
De ter sempre comigo a liberdade
E nela o pleno amor já se entranhando.

E quando sinto enfim o teu sorriso,
Percebo como fora algum aviso
Tentáculos da sorte nos tocando.

 

165


Tentáculos da sorte nos tocando
Exprimem o que sempre desejei,
Fazendo deste sonho a nossa lei,
Eu sinto o nosso amor me libertando.

As dores e tristezas sempre em bando
Depois de certo tempo, naveguei,
Porém no amor imenso eu me entreguei
E o mundo de repente foi mudando.

Mundanas fantasias, fátuo fogo,
Agora em luz sublime já me afogo
E vejo um claro dia, de repente.

Fazendo a ti, querida, uma homenagem,
Meu peito vai se abrindo em nova aragem,
Brindando à nossa glória fartamente.


166


Brindando à nossa glória fartamente
Inebriado sonho ao qual me entrego,
Prazer que em fonte rara não renego,
Expressa o que desejo plenamente.

O quanto é necessário que contente
Um coração outrora vago e cego,
Permite-se dizer que em raro apego
A vida transbordada em tal torrente.

Sagrando cada verso que eu te faço
Ao novo amanhecer sem embaraço,
Nas águas da monção do amor me inundo.

Na bela alegoria em claro véu,
Eu toco num momento imenso céu,
Vivendo o nosso amor, raro e profundo.


167


Vivendo o nosso amor raro e profundo
Estendo as minhas mãos ao infinito,
Amolecendo em paz, duro granito,
O tempo vai mudando, giramundo.

Um coração que outrora vagabundo
Não tinha uma esperança como rito,
Ao ter o teu sorriso tão bonito
Transforma a sua sina em um segundo.

Agora ao perceber rara ventura,
A noite que virá não mais escura
Trará a eternidade a cada passo.

O vento transformado em mansa brisa
Audaz e com certeza mais precisa,
Minha esperança afeita ao teu abraço.


168


Minha esperança afeita ao teu abraço
Não quer desvincular-se nunca mais,
Agora que encontrou seu manso cais
Recebe o vento calmo a cada passo.

Atados lado a lado não desfaço
Os nós que nos uniram, magistrais,
Vencendo os precipícios abismais
Um novo alvorecer contigo, contigo eu traço.

Qual fora um privilégio inesquecível
A força que nos une, indestrutível
Impérios constelares segue e trilha.

Sentindo finalmente esta magia:
O quanto a vida em paz já se anuncia
Em minhas mãos contendo a maravilha.


169


Em minhas mãos contendo a maravilha
De um dia mais feliz que procurara
Deixando bem distante a senda amara,
Adentro o puro amor, e sigo a trilha

Da luz que tantas vezes, andarilha
A minha redenção desamparara.
Cortando bem mais fundo, em dura escara,
Fechando dos meus sonhos a escotilha.

Em cântaros meus olhos se verteram,
Até que finalmente perceberam
Estrela matutina que se alcança

Apenas num segundo, em pensamento,
E o brilho desta estrela num momento,
Entorna sobre nós rara esperança

 

170

 

Entorna sobre nós rara esperança
O brilho em carrossel do amor que trazes,
Não tendo mais palavras sequer frases,
Apenas este amor que agora alcança

Minha alma que guardara na lembrança
Distantes ilusões, longínquas fases
De dias tão doridos quanto audazes
Matando o que restou de uma criança.

Das farpas que trazia em ironia,
A mansidão na voz demonstraria
A força deste amor, claro e preciso.

Mulher maravilhosa, bela e sábia
Trazendo na doçura, tanta lábia,
Sabendo transformar a dor em riso.


171


Sabendo transformar a dor em riso
As tuas mãos mitigam sofrimento,
A vida vai tomando enfim assento
Trafego esta ilusão, vou sem aviso.

Metamorfoseado eu me matizo,
Seguindo até o fim, nego o tormento,
Enquanto estou contigo eu me apascento
E em cada novo dia, mais conciso.

Por vezes me escondera e numa espreita
Sentindo uma alma livre e satisfeita,
Eu quis estar contigo lado a lado,

Sorvendo cada gota da esperança
Que imerso em pleno amor, a glória alcança
Nos raios deste céu iluminado.

 

172

 

Nos raios deste céu iluminado
Eu vejo refletido um raro sol,
Inunda em claridades o arrebol
Deixando um rastro imenso e bem traçado.

O pensamento audaz prossegue alado,
Seguindo cada brilho, girassol,
Refém da magnitude do farol
De toda esta beleza, enamorado.

Quem sente a maravilha de poder
Decifrar os enigmas do prazer
Adentrando o nirvana num segundo,

Ao ter a força imensa de um amor
Não é mais tão somente um sonhador,
Já sabe conquistar, decerto o mundo.


173


Já sabe conquistar, decerto o mundo
Aquele que se mostra por inteiro,
Amor que é benfazejo e verdadeiro,
Um sentimento raro e tão profundo.

Nos braços deste sonho eu me aprofundo
E sinto o vento manso e lisonjeiro
Que trama num sorriso, mais matreiro,
Atando um coração que é vagabundo.

Adentro as doces sendas da emoção,
Tocado pelo lume em sedução,
Amor dispara assim, o seu gatilho.

E tendo a claridade que sonhara,
Meu passo com firmeza já se ampara,
Não vendo mais sequer um empecilho.


174

Não vendo mais sequer um empecilho
Afasto os pedregulhos do caminho,
Adorno em fantasias este trilho,
Priorizando a rosa, mato o espinho.

Não quero a solidão de um triste exílio,
Por isso no teu colo – amor – me aninho
Das tramas da esperança, como um filho
Eu bebo cada gota, esgoto o vinho.

Meus olhos procurando o firmamento
Percebem nos teus olhos este ungüento,
E a sorte num momento já me avisa

Do quanto eu sou feliz em te querer
Raiando em bela aurora – eu posso ver -
Manhã vem renascendo em mansa brisa.


175


Manhã vem renascendo em mansa brisa
Depois da tempestade que passamos.
Das árvores do amor, quebrando ramos,
O sol que agora nasce nos avisa

Do quanto é necessária a mão precisa
Na qual, felicidades encontramos,
Ao mesmo tempo em que nos aparamos
A dor vai fugidia, assim desliza

Por entre os descaminhos; solitária,
Palavra benfazeja é necessária
E mostra ser possível novo dia.

Assim iremos juntos, solidários
Decerto não seremos solitários
Já tendo uma esperança como guia.

 

176

Já tendo uma esperança como guia
Enfrento a solidão com destemor,
O quanto se faz claro que este amor
Derrama sobre nós a poesia.

Da voz que tanto tempo me dizia
Que a cada novo obstáculo a transpor
O sentimento encontra mais vigor,
Mostrando em plena paz tanta alegria

Eu sinto o toque calmo e soberano,
Cerrando para sempre o desengano,
Condenado ao eterno desabrigo.

Qual lavrador que um sonho cultivara,
Numa colheita amena, bela e rara
Recolho cada rastro que persigo.

 

177


Recolho cada rastro que persigo
Deixado pelos cantos da cidade.
Separo na colheita joio e trigo,
Encontro o que mais quero; a liberdade.

Partilha que se faz leva consigo
Princípios da total fertilidade,
Além de simplesmente ser amigo
Eu quero o teu amor, eis a verdade.

Num átimo percorre o pensamento,
Levando para longe num momento,
Invade sem porteiras, outros cantos,

Nas mãos frias, suadas, passo a ter,
E aos poucos já começo a perceber
Sintomas que demonstram tais encantos.


178


Sintomas que demonstram tais encantos
Diagnosticam amores incontidos,
Sussurros misturados com gemidos,
Sorrisos invadindo calam prantos.

Dos corpos que se buscam feitos mantos
Temores são deveras já vencidos
Numa explosão sem par, nossos sentidos
Entregues à loucura sem espantos.

Numa explosão divina, pois atômica,
A intensa confusão se faz harmônica
Revolução do gozo, insano bando.

E em meio a tanta insânia, alucinante,
Surgindo em claridade deslumbrante,
O dia em alegria vem raiando.


179


O dia em alegria vem raiando
Invade com seus brilhos nossa casa,
Fagulhas antevendo intensa brasa
Que aos poucos todo o sonho vem tomando.

Sinais que amor nos mostra, decifrando
A sorte nos sorri e não se atrasa
O pensamento, enfim vai criando asa
E não pergunta mais aonde e quando.

Apenas se deixando navegar,
O velho timoneiro adentra o mar
E o gozo da alegria já pressente.

Captando a luz intensa deste sol,
Seguindo o brilho insano de um farol,
Amor mudando o rumo, de repente.

 

180

 

Amor mudando o rumo, de repente
Por mares poucas vezes navegados,
Recebe da alegria os seus recados
E sabe convergir completamente.

Atalha por um rumo diferente
E imerso em maravilhas, calmos prados
Olvida num momento os duros brados
E o vento em mansidão, agora sente.

Liberto das algemas que trouxera,
Refaço a mais sublime primavera
De toda a calmaria enfim, me inundo.

Ao ter tal percepção, águo o deserto
Depois de tanto tempo e já liberto,
Permito ao coração ser vagabundo.


181


Permito ao coração ser vagabundo
Vagando, colhe estrelas, rasga o céu,
Galopa sem limites meu corcel
Persegue em pensamentos, novo mundo.

Destinos tão diversos que confundo
Estradas sem destino, vou ao léu,
A vida vai girando em carrossel,
E a cada nova volta me aprofundo.

Invado as negritudes abissais,
Em meio a teus carinhos sensuais
Desenho o meu desejo traço a traço,

Minha rosa dos ventos eu perdi,
Mas bebo do prazer que achei em ti
Numa explosão extrema em cada passo.


182

Numa explosão extrema em cada passo
Caminho entre os espinhos, pedregulhos,
Ouvindo nas marés, loucos marulhos,
Meu peito vai se abrindo e cede espaço

Um novo amanhecer, agora eu traço,
Deixando para trás velhos entulhos,
Enterro o que guardara, meus orgulhos
Fortalecendo assim, os nossos laços.

Aprendo estas lições que me ensinaste,
Contendo uma erosão, cessa o desgaste,
Atada em nossos pés a mesma anilha.

Fomento uma alegria renovada,
Depois da dura e fria madrugada,
Um novo alvorecer, meu canto trilha.

 

 

183


Um novo alvorecer, meu canto trilha
E espalha além do amor, boa vontade,
Chegando a cada canto da cidade
Na voz da poesia, uma andarilha.

Depois de consertar, do barco, a quilha,
O pensamento abarca e agora invade
O quanto eu desejara em liberdade,
Não quero ser na vida, simples ilha.

Unindo nossos versos, companheira,
Da vida, a mais perfeita mensageira
Formada pelos brados, teus e meus.

Na força da amizade, amor se insere
Portando amanhecer que um sonho gere,
Deixando à solidão, somente o adeus.


184

Deixando à solidão, somente o adeus
Estendo o meu olhar ao infinito,
Alçando em liberdade, solto o grito
E encontro os teus sorrisos sobre os meus.

Nos sonhos embolados, dois Morfeus,
Decifram cada sonho já descrito
Toando em comunhão, no mesmo rito
Do amor que nos transporta e leva a Deus.

Nas mãos entrelaçadas, igual prece,
Aos meandros do amor já se obedece
E nisso o caminhar se faz preciso,

Pareado contigo eu não me canso,
E enquanto a cada dia assim avanço,
Adentro ao mais sublime paraíso.


185

Adentro ao mais sublime paraíso,
Constelações; encontro a cada passo
O pensamento alçando o livre espaço
Espalha em meu caminho, o teu sorriso.

A sorte que se fez sem um aviso
Espelha no teu rosto cada traço
E a cada amanhecer de novo eu faço
Andanças tão fantásticas que biso.

Com toda esta esperança, aberto o peito,
Felicidade plena, agora espreito,
Prossigo sempre nesta direção.

Recolhendo as estrelas que espalhaste
Percebo quanto em mim tu perfumaste
Vivendo, com certeza esta paixão.


186


Vivendo, com certeza esta paixão
Eu sinto que terei num novo dia
O bem que na verdade já queria
Trazendo à nossa vida uma emoção.

Cansado de encontrar a negação
Pensara tão distante uma alegria,
Porém ao me embrenhar na fantasia
Percebo a mais total transformação.

Uniformes vontades junto iremos
Chegando ao que sonhamos e queremos,
Nas tramas deste amor que é feiticeiro

Vislumbro um belo e claro amanhecer,
No espelho da esperança eu posso ver
Olhares num só brilho, verdadeiro...


187

 

Olhares num só brilho, verdadeiro
Norteiam com amor a direção
Além do que prediz uma ilusão,
Recolho raras flores no canteiro

Recebo o teu perfume, sei teu cheiro
Afago os teus cabelos, tentação.
Mergulho no teu corpo em cada vão,
Persigo cada rastro, vou inteiro.

Enquanto a noite chega e a vida passa
A lua com seus raios nos abraça
E eu sinto o teu calor, quero teus braços.

Unidos adentramos madrugada,
Durante esta fantástica caçada
Entrego-me, cativo, nestes laços...

 

188


Entrego-me, cativo, nestes laços
Qual fora na caçada, a tua presa,
Sem medos, sem pudores ou defesa
O peito exposto aos loucos, firmes aços

Recolho cada qual dos meus pedaços
Hipnotizado, imerso em tal beleza;
Quem sabe desta sorte sempre a preza
E deixa-se prender pelos teus braços.

Uma alegria é rara nesta vida,
A sorte se mostrando decidida
Permite um novo tempo, renovado

Felicidade plena agora vejo
Sorvendo cada gota do desejo
Sentindo esta presença aqui do lado.

 

189

Sentindo esta presença aqui do lado
De quem eu procurei a vida inteira,
Eu sinto uma alegria alvissareira
E deixo bem distante o meu passado.

Um dia que se faz iluminado
Ao ter o puro amor como bandeira
Ao ver esta alegria verdadeira
Encontra o rumo certo e procurado.

Sabendo desta glória, agora sigo
Aberto o coração junto contigo,
Recebo o doce alento em poesia

E tendo esta certeza vou em paz
Vivendo esta ilusão que amor nos traz
Entrego-me a mais bela fantasia.

 


190

Entrego-me a mais bela fantasia
Deixando-me levar, caminho ao léu
Conheço em teus carinhos claro céu
Vislumbro a maravilha em novo dia.

A vida vai rodando em carrossel
Às vezes com tristeza ou alegria
Renova-se decerto com magia
Por vezes benfazeja ou mais cruel.

Quem ama na verdade sente medos,
Conhece dos prazeres os segredos
E perde-se em caminhos mais dispersos.

Se a nada ou a ninguém ele obedece
Amor velho travesso sempre tece
Sentimentos perfeitos e diversos...

 

191


Sentimentos perfeitos e diversos
Dominam minha vida de poeta,
Escrevo de maneira mais direta,
Sem ter mirabolantes, raros versos.

Adentro os mais distantes universos
Andando em linha quase nunca reta,
Felicidade plena é minha meta
Porém os meus caminhos são dispersos.

Amor faz molecagem com meu peito
Às vezes vou feliz e satisfeito,
Mas vendo uma palavra distraída

Num vício que me fez ser trovador
Eu sinto nestas letras, MEU AMOR,
Prenúncios de prazer em minha vida.

 

192


Prenúncios de prazer em minha vida
Encontro nas manhãs de primavera,
O vento que me toca vem e gera
De todo labirinto, uma saída

A mão que se permite decidida
Enfrenta em destemor amarga fera,
Se eu tenho uma alegria que tempera
A dor de vez em quando, já duvida.

Fazendo um reboliço sem limites,
Às vezes não quer mais quaisquer palpites
E bate na janela, em temporal.

Porém escuridão não mete medo,
Sabendo usufruir, sei o segredo
No lume deste amor fenomenal.


193


No lume deste amor fenomenal
Vejo tuas pegadas, sigo cada.
Depois de perceber a derrocada
Enfrentei mais temível vendaval.

Às vezes me estrepei fui muito mal
Em outras a vitória anunciada
Não deu depois de tudo, quase em nada.
Porém agora eu sigo; triunfal,

Os rastros dos teus olhos fonte rara
Da luz de uma esperança, forte e clara,
Capaz de toda história transformar,

Meu barco que se fez sem timoneiro,
Tocado pelo vento mais ligeiro,
Adentra num momento a praia e o mar.

 

194

 

 

Adentra num momento a praia e o mar
Saveiro dos meus sonhos, triunfante,
Caminha por um rumo mais constante
Até que em manso cais possa chegar.

Eu quero em calmaria naufragar
Ao ver tanta beleza num instante,
Vencer a correnteza provocante
Beber até o dia clarear.

Chamando para a festa esta incansável
Parceira que se mostra mais amável
Deitando o seu carinho no meu peito.

O rio que decerto me convinha
No peito sonhador, logo se aninha
Fazendo do luar seu claro leito.

 

195

 

Fazendo do luar seu claro leito,
Meu verso se entregou a tanto encanto,
Ouvindo em espiral o belo canto,
De todos os meus sonhos, satisfeito.

A cada novo dia eu me deleito
E vejo o claro amor por todo canto,
Se assim, somente assim, agora eu canto
Encontro rara estrela quando deito

No teu sorriso manso de criança
Um acalento eterno da esperança
Em toda magnitude reproduz

O brilho deste amor que nos inflama,
Causa revolução enquanto em chama
Adentra o mar imenso feito em luz.
 

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sexta-feira, dezembro 31, 2010 - 13:58

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