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Fumo os meu cigarros

Fumo o meu cigarro
O vinho já azedou,
A noite está fechada

Vadios levam xutos no cú
E quando nos deita-mos
A pensar
Tudo são histórias
Contadas para adormecer
Mas não adormecemos,
Com medo

Algo vai acontecer
E no sono
Deslumbra-se,
Uma previsão
Que quando despertamos
Pensamos já ter vivido
Esse momento
Nas ruas solitárias
Ao nosso andar
Povoadas de gente,
Que nos recorda
Esse pensamento
Que foi sonhado

Escarro de vida,
Porque cospes
Na face
Daqueles que nada têm
Já esqueces-te
A tua memória
E negas-te o teu passado
Numa tampa de esgoto
Rodeada em desgosto

Não penses
Tu que pensas,
Deixa o teu ego
Alguma vez reparas-te?
Que o teu acordar
É igual
Sem novidades
Nunca sentiste o choque
Do cheiro de escape
Pela manhã…
O bafo a vinho barato
Do sem abrigo
Que te deseja bom dia
Quando vais trabalhar,
E te estende a mão trémula?

Esperas como um louco
A tua dose,
Anseias como um menino
O colo da mãe
És fraco
E a noite cai,
Ela te emborca
Abraça
E seduz,
Como nunca uma mulher o fez
E cedes,
Prolongas-te,
Num prazer sem fim
Desmaia-as numa atracção
Os poucos carros
Perseguem a madrugada
E tu realmente
Descansas,
À vontade

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segunda-feira, março 28, 2011 - 17:52
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