CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Verão de Março
O vagabundo joga às palavras cruzadas
No jornal de ontem que encontrou no lixo
Deitado num cobertor roxo, florido,
Descalço numa montra de uma loja
Eu passo por ele
E olho para os seus pequenos olhos negros
Enquanto subo a Avenida dos Aliados
Com o meu casaco já velho e gasto
Usado sabe-se lá por quem
Com histórias em cada marca surrada pelo tempo
De décadas já vividas por aquele casaco castanho
Comprado numa loja de roupa em segunda mão
A fumar um cigarro com tabaco de enrolar
É mais barato e poupa-se uns trocos
Para beber umas cervejas
E sinto-me bem
Nesta tarde de verão em Março
Com o vento quente a soprar
Uma brisa carinhosa
Pelas artérias da cidade suja
Onde toda ela é jazz
Grupos de negros acompanhados com os seus sacos de plásticos
Falam e riem nas esquinas dos edifícios
Com as suas vestes cheias de exotismo africano
A burguesia espreguiça os seus lamentos
Nos poucos cafés abertos
E fala de arte, literatura, e música
Mas não entende os seus significados
Forma-se um riso de fachada
Vaidade ignorante
Sempre a olhar pelo canto do olho
A ver se os outros reparam
Na vida alternativa como eles dizem
Que levam
Vida onde parece que tudo está bem
Não me perguntem o que fazem para existir
Neste mundo atómico de frieza e crueldade
Que não vos sei responder
Mas tudo é tão belo
Quando a tarde chega ao fim
Veteranas prostitutas sentadas nos degraus da pensão
Outras com o pé na parede branca
A fumar cigarros
Esperando clientes
Mas o único que aparece é o tempo
Que elas já tão bem conhecem
E não as larga
Deixando marcas nos seus rostos
Nos vestidos
Já fora de moda
E nos corpos ressequidos
Sem esperança
O Porto morre
Nos braços de famílias que se passeiam
Aliás, agoniza-se durante a semana
De forma lenta e macabra
Até que assina a sua sentença de morte
Ao Domingo
É certo
Não podemos fazer nada
Está calor e as roupas secam nas varandas
Da Rua do Almada
Um gato aproveita os últimos raios de sol
E lambe-se deitado num caixote de lixo verde
Fantasmas assombram o busto de António Nobre na Cordoaria
Só
Dizia ele
Mas na morte que lhe foi imposta
Celebrou a sua grandeza
Agora as ninfas e deusas que não teve
Todas as noites o beijam e acarinham
As estrelas brilham com mais força
Um lampião que se esqueceu de iluminar
Acende-se
O esplendor aparece
Eu acabo com o whiskey barato
Da minha garrafa de bolso
E deito-me no meu pequeno quarto
A pensar
De repente lembro-me de ti
E tudo se torna num sono de saudade
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 860 leituras
other contents of jgff
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Arquivo de textos | Imagina-se, depois pensa-se em entrar | 0 | 909 | 12/18/2012 - 20:33 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Manhã | 1 | 986 | 03/31/2011 - 01:31 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A vida é uma arte cruel | 0 | 861 | 03/30/2011 - 18:56 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Olhar o spleen de Candido dos Reis | 0 | 1.065 | 03/30/2011 - 18:32 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O sono do pensar | 0 | 917 | 03/30/2011 - 18:19 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Nada se encontra | 0 | 883 | 03/30/2011 - 18:15 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A procura da resposta pela dor | 0 | 925 | 03/30/2011 - 18:12 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Um fado cantado | 0 | 998 | 03/30/2011 - 18:05 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Poema sobre um taxi e um escarro que se saiu | 0 | 1.478 | 03/30/2011 - 18:00 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O sossego das palavras | 0 | 835 | 03/30/2011 - 17:47 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Escolha | 0 | 1.057 | 03/30/2011 - 17:42 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | História sobre pétalas e uma ponte | 0 | 949 | 03/30/2011 - 17:36 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Compreensão | 0 | 1.102 | 03/30/2011 - 17:27 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Sopro | 0 | 1.118 | 03/30/2011 - 17:20 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Gaivotas | 0 | 1.346 | 03/28/2011 - 20:00 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Memória | 0 | 959 | 03/28/2011 - 19:50 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Gozar a morte | 0 | 1.055 | 03/28/2011 - 19:46 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Fumo os meu cigarros | 0 | 1.123 | 03/28/2011 - 17:52 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Não se encontra a resposta que procuramos | 0 | 1.074 | 03/28/2011 - 17:50 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A morte de uma paixão | 0 | 899 | 03/28/2011 - 17:49 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Verão de Março | 0 | 860 | 03/28/2011 - 17:48 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O dia nasceu chuvoso | 0 | 1.066 | 03/28/2011 - 17:46 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A taberna | 0 | 1.067 | 03/28/2011 - 17:45 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O passo | 0 | 933 | 03/28/2011 - 17:44 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Banco de jardim | 0 | 1.376 | 03/28/2011 - 17:43 | Português |
Add comment