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Imagina-se, depois pensa-se em entrar

As portas brilham quentes
Cheias de luz
Ruborizando o rosto das mulheres
Que se encolhem à entrada,
Cristalizando as próprias pernas
Ao vento frio nesse doce gosto
Envolvido em sopros
Ardentes, nos lanhos envoltos numa
Barreira de tecido e vidro.

                                          O rosto
                                         moderno
                                                   destas mulheres
                                                           de agora,
                                                                     são
                                                                 nobres
                                                             como   
                                              as fachadas
                                        destas portadas
                                    que parece sustentarem
                                 tal e qual cada azulejo
                                           cravado,
                                                    várias histórias pintadas
à mão

Nas noites que amanhecem tarde para mim
Os pensamentos encharcados
Que secaram um jarro de barro
De uma cantadeira assustada
Perdida num tempo que não é dela
Vendo imagens de infernos aprendidos à força por obra e graça
Do espírito santo
Que se perdeu bêbado num bar
Ouviu Miles Davis,
Recordou Marquês de Sade, e suando
Com um dedo metido tocou a noite
Molhada e esponjosa da cidade suja,
Para espanto desértico das artérias principais
Cheias de corpos deitados
E cobertos
Pela imponência de betão construído
Para alguns, os diferentes
                    [pobre cantadeira, porque fugistes da contínua corrente do tempo, minha inocente criança violada, não percebes que nada pode salvar os meandros obscuros dos meus pensamentos que deixei ensopados numa mesa de café qualquer…]

É,
Isto estará perdido
Mas as mulheres continuam
Esperando o amanhã
Nas portas da Rua de Santa Catarina,
E começo a pensar como é fácil
Santificar os nomes
Quando aquilo que sente, o que é palpável
Ás mãos dos que respiram
É sempre tão violento
Perverso, e a isso chama-mos
Realidade.

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terça-feira, dezembro 18, 2012 - 20:33
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