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TERRA DAS RAZÕES

Eu fiquei quando deveria ir
Isso não seria tanto se eu não fosse incansável
do mesmo
Do mesmo
Jonas disse: Eu não estou mentindo
Eu disse eu não estou nervoso
Eu nunca sinto raiva
A sorte sorri
Jonas foi lançado ao mar
Eu fiquei por aqui
Oh não

Maria tinha um rosto branco
Tinha umas mãos sedosas
Tinha um olhar comedido
Oh ela não poderia estar mentindo
Ora, vá ser a porta do inferno de outro, diria eu

Um caminho chamado vale das sombras
Com um metro de filme correndo a segundos adiados
Meu relógio tem os ponteiros pela metade e nunca é tempo
Nunca há tempo
A rouquidão pode parecer desepero
Oh porque todos o clamores de "não vá agora" são a voz do infeliz?
Não não não
não vá agora
Oh sempre passa o desespero

O tempo é agora
É incrivel o que conseguimos produzir quando temos emoções
É incrivel o que cremos ser quando compartilhamos
Oh é tão simples ser você e eu

É mais que tomar uma direção
É mais que amarrar os sapatos
É mais que suspirar num pescoço
É sim
E somos rápidos e certeiros
Polidos
Isentos de qualquer arranjo
Não precisamos buscar o sentido da nossa geração fora
Oh não, ainda podemos enxergar o ponto em nossas mãos

Não precisa ir agora
Não precisa ir agora
Não precisa

A porta não se moverá
Ora, pense quando for a hora
Pense um pouco mais
e um pouco mais
Mas quando for a hora
Nunca me desepero
Maria tinha os olhos comedidos e me fez repudiá-la
sob a visão de suas censuras

Sobre a visão além de seus olhos
Oh ela não podia estar mentindo
Ela não devia estar mentindo
Não

Acho que Jonas pertence a Maria
Acho que Maria não pertence a Jonas
Há muitos buracos por aí
E olhamos reto na certeza do Certo

Não há porque toná-los tão repulsivos
Eles não tem a culpa
Mas têm o destino
O destino dos "Muitos" é a sarjeta

Eles só estão fora de controle
Só estão esticando os braços para catar uma jóia
num feixe de tampar esgoto
Sim
Estão com os braços gordos
Oh estão
Só estão gordos demais
Acho que eles deviam se encantar mais pelos abstratos
Acho que deviam se dispor
Ora, o profeta disse que deviam se esvaziar
Acho que estão um pouco gordos

Eu encontrei pessoas com cicatrizes
Perguntei se queriam vir junto
Eu encontrei Jonas num cardume perdido
Ele estava coberto de saliva
Eu vi Maria ajeitar a roupa na penumbra da esquina
Eu vi
Oh eu vi
Não soou bem
Oh não
Eu vi Maria secando as pernas
Eu vi anzóis sobre minha cabeça
Dê-me meus olhos
Quero estar enganado
Por favor
Porque os por favores são desesperados
Não
Eu estou sereno
Também não estou sonhando
Jonas estava no cardume
Levante a cabeça
Nâo sejam tão passivos
Vamos Vamos Vamaos Vamos
Gordos e preguiçosos

Não há tempo nem para amarrar os sapatos
Oh não há
Nós podiamos condensar nossas emoções em algo valioso
Podiamos manter nosso sonho em pedras

É mais fácil despistar a escuridão que mergulhar nela
Oh só sei o que não é preciso
Porque não me seguro na lógica da ação?

Cardumes vão dar na boca das baleias
Todo doce enjoa
Se o caminho é um o que acontece quando se enjoa da essencia da vida?
Oh quando enjoa
Ouçam bem
Essencia não é coisa singular

Maria não quer mais se dispor
Jonas caiu no buraco
Você continua perambulando
Aqueles continuam naufragando
Peguem o bote de uma vez
Oh não há botes para todos

Depressa
Rapido rapido rapido rapido
Não há tempo nem para amarrar os sapatos
Não há tempo
Não não não

Este filme é minha criação
Ele não é longo
Não é tão longo
Eu ainda estou gostando
Meu tempo passa em segundos adiados
Meu relógio tem os ponteiros pela metade

Por favor por favor
por favor
por favor
Não precisa levantar se não quiser
Nao precisa sonhar enquanto for jovem
Não precisa cortejar o amor como preço do crescimento
Eu já estou indo
Já estou indo
indo
indo
Correndo

Não precisa mexer nos mofos
Não precisa encostar nos postes mijados
Não precisa de suportes
Você também não
Você enquanto você não
Enquanto você não

levante seus olhos
Levante seus olhos
Levante seus olhos
Oh levante seus olhos

Jonas foi lançado ao mar
Depois de tudo eu nunca me deixaria lançar
Oh não
Maria tinha um rosto branco
Tinha umas mãos sedosas
Tinha um olhar comedido
Oh ela não poderia estar mentindo
Oh não podia

Ora, vá ser a porta do inferno de outro, diria eu

Submited by

domingo, novembro 22, 2009 - 20:49

Poesia :

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COBBETT

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Comentários

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Re: TERRA DAS RAZÕES

MEUS PARABÉNS, ACHEI UM POUCO LONGO, MAS... GOSTEI!
MarneDulinski

imagem de RobertoEstevesdaFonseca

Re: TERRA DAS RAZÕES

Parabéns pelo belo poema.

Gostei.

Um abraço,
REF

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