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O PESADELO

  "Prezado amigo Ernesto

     Não sei como e nem porque essas imagens vieram me visitar. Mas, aconteceu. E o que lhe conto a seguir muito me perturbou.

     Um óculos. Essa é a primeira imagem que tenho comigo. Aquele objeto refletiva os raios do sol em sua armação prateada com lentes azuis. Eu estava chegando a uma casa (supostamente minha) e que estava situada entre dois terrenos baldios.  Ao ver do que se tratava, abaixei-me e peguei os óculos. Examinei-os durante um tempo e então resolvi experimentá-los.
     Assim que os coloquei e os ajeitei na minha face, ao abrir os olhos para as primeiras impressões o que vi me deixou perplexo e extremamente perturbado: não era a paisagem rotineira dos terrenos lindeiros a minha casa que se apresentavam mas sim, terras devastadas. Um verdadeiro retrato pós-apocalíptico.
     Tomado por um assombro nunca antes experimentado, rapidamente tirei os óculos e os joguei ao chão, de encontro as pedras. Estranhamente ele não sofreu dano algum. Virei-me em direção a casa e , quando minha intenção era a de partir daquele lugar, algo me tocou o espírito. Senti uma imensa força como que me chamando de volta ao lugar aonde havia deixado o objeto. Não estava ouvindo vozes. Mas, sabia que deveria voltar. Inexplicavelmente, foi o que fiz.
      Não sentia medo. Apenas a curiosidade. Tornei a abaixar-me novamente e peguei os óculos. Coloquei-os com calma. E, dessa mesma forma, voltei a olhar em direção ao horizonte. Mais uma vez meus olhos testemunharam o panorama de destruição. Restos de árvores, ruínas fumegantes,a terra calcinada. Tudo era destruição.
      E então comecei a caminhar naquele lugar. Meus pés afundavam nas cinzas mas eu não sentia nenhum tipo de queimadura na minha pele. Até que vi, parcialmente oculto na névoa que se erguia misturada com a fumaça dos incêndios, um pântano. Chegando lá, vi um grande bueiro de onde vertia uma água, aparentemente, cristalina.
     Aproximei-me do lugar. Quando cheguei junto ao poço que media, segundo meus cálculos, oito  a dez metros de diâmetro e com uma profundidade equivalente a uns dois metros, fiquei observando a natureza morta ao seu redor. Quando meus olhos, enfim, repararam na porção d'agua em si, fui tomado pelo horror. A cena que vi era dantesca.
     Ao reparar no poço, vi que do bueiro desciam coisas que pareciam ser trouxas ou então roupas. Ao aproximar-me, vi que eram crianças mal formadas. Elas saiam daquele imenso buraco e caiam no poço. Ali ficavam boiando até que, de repente, algo terrível acontecia: ocultos na beirada, estavam imensos sapos com olhares frios. Eram animais terríveis e enormes, com um tamanho muito maior do maior sapo conhecido. Pareciam ter o tamanho de um sofá grande.
      Esses animais então aproximavam-se (não sei ao certo quantos eram), um por vez, e fitavam a criança que estava boiando. Eram bebês e alguns não tinham mais do que três anos. Então, sem aviso, davam o bote e devoravam os pequeninos.
     Ao ver aquilo sai correndo do lugar e arranquei os óculos de minha face. Foi então que vi uma mulher com olhos castanhos e rosto jovial ali parada, já no mundo real. Fiquei olhando para ela durante um bom tempo e então ouvi algo como um grito dos sapos do banhado. Um “iééééééééééé´” bem longo. Ela olhou para mim e sorriu. Eu perguntei o que era aquele barulho e então ela disse que eram apenas os sapos e que era costume emitir aquele som ao entardecer. Então, ao lado dela havia uma grande cesta de palha trançada. De dentro, pegava alguns peixes e os jogava dentro do pântano. “Ora de tratar”, ela dizia com calma.  Quando vi os peixes, notei que não eram comuns: tinham espinhos imensos que saiam de suas laterais.
     Coloquei os óculos novamente e então olhei para a direção aonde a mulher jogava os peixes. Lá, no pântano, entre a névoa e a fumaça que pairava, estavam várias crianças semi submersas. Apenas as cabeças por sob a lâmina d'agua escura. Todas com a pele escurecida, podre e os olhos brancos, como zumbis. E quando jogava os peixes elas se aproximavam como jacarés em uma fazenda esperando a porção de comida diária. E quando eles tocavam a água, as crianças submergiam a fim de pegá-los.

     E esse foi o pesadelo."

Para H.P.  Lovecraft.

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segunda-feira, novembro 4, 2013 - 16:56

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Daniel Kobra

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