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Por Ti Seguirei... (21º episódio)

(Continuação de http://galgacourelas.blogs.sapo.pt/49839.html)

As fileiras estavam agora reforçadas com mais alguns guerreiros munidos das armas tomadas em despojo aos legionários caídos. A frente da defesa era secundada por pequenos grupos dispersos pelo espaço que mediava até às linhas recuadas, a quem fora conferida a missão de acudir aos pontos mais tensos da peleja e aniquilar os inimigos que conseguissem penetrar no reduto. Nestes grupos, Alépio concentrara os mais aptos na arte da guerra, incluindo Rubínia. Eram fundamentais para manter a consistência da resistência.

Os primeiros Romanos da ofensiva seguinte foram recebidos à pedrada, o que os obrigou a encolher-se por trás dos escudos ou mesmo em algum abrigo provisório. O avanço para a barreira celta foi lento e penoso, e à custa de mais algumas perdas. Já encostados à cerca, multiplicaram-se as trocas de golpes encarniçados entre os opositores, quer através das frinchas descobertas daquela, quer sobre o fraguedo ou os troncos da barricada. Dada a superioridade de efectivos, aqui e ali os atacantes conseguiam infiltrar alguns elementos no recinto adversário, todavia sem sucesso subsequente, na medida em que eram prontamente dominados pelos grupos Celtas de apoio.

Tongídio, tanto acorria à paliçada como se atirava aos Romanos que conseguiam passar. A sua falcata embebia-se sedenta nos inimigos que se lhe colocavam ao alcance. Por onde passava aliviava a pressão da investida. Contudo, e apesar de já se contarem mais vítimas da refrega entre os de Roma, a perda de cada guerreiro celta era mais penalizadora. A ambição desmedida do chefe Romano era humilhante e trágica para os seus soldados, mas imprimia igualmente importantes baixas ao adversário.

Tamanha era a desordem entre os Romanos que acabaram por recuar novamente para reagrupar. Lucius Severinus, ciente do enfraquecimento das defesas Celtas, decidiu apostar tudo e enviar as tropas que tinha de reserva, quando já se viam a assomar ao planalto os primeiros elementos dos correligionários da infantaria.

No topo do morro corrigiram posições e substituíram os mortos nas linhas da frente, dentro do possível. A fadiga já grassava em corpos curtidos pelo Sol, mas descolorados da sua normal tez pela concentração de poeira, suor e sangue. A defesa estava muito minguada de gentes e de energia física para suportar mais um assalto copioso de inimigos. Só o ânimo e a perseverança os mantinha irredutíveis.

Estando as circunstâncias a turvarem-se cada vez mais para os exaustos sitiados, prestes a sofrer aquele que poderia ser o golpe fatal, os mais recuados dos Celtas ouviram um silvo que chegava do outro lado do rio.

-“Fiuuu, fiuuu, ó filhos de um onagro, atentem para esta banda. Aqui! Aqui! Ide chamar Gurri, o meu Senhor, ou Alépio!” Era Urtize, que após cumprir a ordem do seu chefe, junto dos Arevácos, regressou a território vacceu, reuniu algumas dezenas de guerreiros, decidido a trazer reforços. Soube entretanto das ocorrências e da fama granjeada pelo grupo de Alépio e Rubínia – já circulava por toda a Ibéria, a Nascente -, e percebeu que os seus amigos teriam de atravessar o Ebrol algures. Por isso, seguiu a margem ocidental do rio na mesma direcção que os de Alépio faziam, mas na parte oriental. Encontrou-os… e tremendamente enrascados!

Na outra margem, o pasmo foi geral mas, passada a surpresa, de imediato cumpriram o pedido de Urtize. Com a batalha suspensa por alguns momentos, acorreram Alépio, Gurri, Rubínia e Zímio ao pequeno abismo do outeiro.

Gurri sorriu mas manteve a sua constante postura séria: -“Urtize, muito bem. Julgo que terás cumprido as minhas ordens e que depois tentaste regressar para cumprires o teu trabalho. Demoraste! Mas não te vou castigar, estou contente por te ver. Quem e quantos tens contigo?” – gritou, para se fazer ouvir sobre o zumbido forte da corrente.

- “Eu também estou satisfeito por estar de volta. A situação é que me parece um pouco complicada. Ali mais abaixo, conseguimos ver os Romanos. A infantaria já está em grande número no planalto. Estão a formar. São tantos que não se conseguem contar. Comigo estão uns 40 dos nossos, quase todos munidos de arcos e flechas. Poderemos ajudar deste lado, à distância e, entretanto, temos aqui uma possível solução, que temos vindo a preparar nos momentos de paragem. Uma ponte de corda, como as que usamos para ligar as montanhas da nossa pátria.”

Gurri deu um suspiro de alívio, virou-se para Alépio e deu-lhe um abraço: -“Preparem-se para abandonar este sítio nefasto e retirar para o outro lado do rio. Afinal ainda não é hoje que saudamos a morte.” Depois, virou-se para Urtize e gritou-lhe uma vez mais: -“Não me esquecerei da tua lealdade e, sobretudo, inteligência! Vamos, atira para cá a nossa salvação!”

De facto, tratava-se de uma ponte formada por 4 grossas cordas, em quadrado, tendo no lado inferior ramos seccionados à medida e distribuídos uniforme e longitudinalmente, para servir de passadiço. Com cordame mais leve uniram os ramos às cordas de baixo e estas às de cima.

Para enviar uma das extremidades da ponte, Urtize amarrou uns quantos fios finos – mas resistentes - de linho a uma flecha e projectou-a para o outro lado. Quando os puxaram, arrastaram a passagem manufacturada até à sua margem. Bastava agora, amarrar firmemente as 4 cordas principais…

Assim o fizeram. Alépio organizou de imediato a saída daquele cume da morte. Começou por ordenar a passagem dos feridos e colocou os homens das fundas e dos arcos bem junto à ponte e um pouco à sua frente - já com os Romanos a subirem o outeiro para um derradeiro ataque - organizou uma defesa de guerreiros bem armados e mandou retirar todos os outros para o lado de lá do rio. Aí alinharam-se igualmente Urtize e os seus companheiros, prontos a disparar as armas de projecção.

(continua…)

Andarilhus
XIII : IX : MMX

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terça-feira, setembro 14, 2010 - 07:24

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