CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
VINCENZO
A guerra construía o século imaculado. Havia fogo e fumaça, lâmina e pluma. Ao soldado da ordem menor que mais cabia senão a glória da boa morte? Os estrategistas em suas cúpulas e toda aquela gente com seus dizeres profundos, todos aqueles donos do mundo e seus bem-falantes... Distante dali uma extensão de terra qualquer onde ninguém havia pisado.
O homem sabe de tudo... Vincenzo confessou a si que não sabia. Então Recolheu-se no silencio da espera arrastada até o pôr-do-sol sonolento. A perna direita estava corroída de doença e os olhos nada enxergavam além de uma mancha negra dissolvente.
Como estaria o trigal, a mulher e o campo das uvas? Ainda que o esforço de recordar fosse grande tudo figurava obscuro, embora a presença da lembrança fosse um alento que jamais se instalaria nos portões do infernou que passou a habitar. Lâmina e pluma: Não concebia ser guerreiro e completo homem de Deus, mas se bastasse ser homem incoerente de boa alma tudo estaria bem. Ora, não se pode ser carente e soberbo como não se pode ser esposado e luxurioso assim como não se pode ser justo e jogador. Não se pode compensar soberba triste e lamentada, como não compensava a luxúria apagada e o jogador caridoso. Diante da própria severidade, Vincenzo pensou que sua cabeça estaria voltando a trabalhar bem. Porém a figura das uvas e do trigo ainda surgia dissipada no infinito negro. E além da atmosfera serena e passiva da terra e das fogueiras, naquele leito de pedra todo o resto morria incompleto e frio.
Bastaria cumprimentar a derrota para ser o último dos homens, ou o recuo pensado para ser desgraça eterna. Para ele era muito simples a forma como viviam os monges das comunidades do campo ou os parentes abrigados da guerra. O sangue era tesouro e o tanto quanto fosse o um capaz de fazer e dispor das veias para construir o caminho. E a cada jorrada de suor e a cada marca na carne era erguido o verdadeiro templo do espírito.
A amputação era irremediável, mas o espírito não desfalece junto a luz da aurora amaldiçoada, sabia ele.
Era momento para pensar na vida, embora fosse o passado a figurar nutrido. Ocorre que o caminho ganhou bifurcação, e à marchas apressadas e compenetrado no feito, o primeiro rumo se perdeu. E então ele julgou mal sua indisposição ao conhecimento. E percebeu que um guerreiro poderia precisar de cultura, e supôs que aquela noite de lamparina seca seria de todas a mais penosa. Lembrou que a fonte nova dava água fresca e reforçou para si que os estrangeiros eram odiosos.
A cabeça estava afundada feito dedo em terra de saúde, repousando pesado no molde de pedra em curva. E a lâmina trazia gordura e mancha e seus tecido estavam gastos e mal-cheirosos. Mas além de todo o desconforto que podia mensurar e todos aqueles tempos que lhe cortejavam em memória nebulosa, a fome havia silenciado. E quando deu-se conta já havia se conformado com tudo. E pensou que a fome poderia não ter faltado. Como coisa que desperta o espírito e mantém o reluzir da alma ou algo do tipo, como proferido pelo gigante Leone.
A sorte devia ser o tesouro dos pequenos, ele só desejava a tarefa cumprida. E quando se morre por dentro tudo está perdido, pensou... E será que me basta morrer com o corpo falido? O resto é mudo para o mundo...
Era o tempo de frutos maduros e trombetas gloriosas. De trabalho e suor, como seria o único tempo do fim para os vivos. Vincenzo estava atento à iminência do pôr-do-sol, então sua cabeça pendeu para o lado.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 606 leituras
Add comment
other contents of COBBETT
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Contos | Sem tato | 0 | 1.091 | 11/14/2011 - 14:55 | Português | |
Poesia/Amor | Enamorado | 1 | 1.333 | 10/29/2011 - 02:41 | Português | |
Prosas/Pensamentos | AQUELES DIAS | 0 | 1.165 | 10/27/2011 - 00:37 | Português | |
Poesia/Geral | Morte | 0 | 1.179 | 08/28/2011 - 23:31 | Português | |
Poesia/Geral | Beleza | 0 | 1.147 | 08/28/2011 - 23:26 | Português | |
Poesia/Geral | A nuance da vida para quem a quer | 0 | 1.310 | 08/28/2011 - 23:19 | Português | |
Poesia/Amor | Ainda que... | 0 | 1.301 | 08/28/2011 - 23:15 | Português | |
Musica/Outro | AURORA | 0 | 3.021 | 08/26/2011 - 04:15 | inglês | |
Videos/Perfil | 699 | 0 | 1.784 | 11/24/2010 - 22:02 | Português | |
Videos/Perfil | 698 | 0 | 1.775 | 11/24/2010 - 22:02 | Português | |
Videos/Perfil | 643 | 0 | 1.944 | 11/24/2010 - 22:01 | Português | |
Videos/Perfil | 642 | 0 | 1.782 | 11/24/2010 - 22:01 | Português | |
Videos/Perfil | 622 | 0 | 1.893 | 11/24/2010 - 22:01 | Português | |
Fotos/ - | 2057 | 0 | 2.582 | 11/23/2010 - 23:45 | Português | |
Prosas/Contos | COM O PÉ NA PORTA | 0 | 1.053 | 11/18/2010 - 22:55 | Português | |
Poesia/Geral | É só o mundo | 3 | 1.219 | 01/06/2010 - 15:21 | Português | |
Poesia/Geral | Rob Newman e o violão (Essa é minha vida: diz o cara) | 2 | 1.199 | 01/04/2010 - 03:26 | Português | |
Poesia/Geral | CÉU ABERTO | 2 | 1.224 | 12/29/2009 - 01:59 | Português | |
Poesia/Canção | MARIA | 2 | 1.008 | 12/29/2009 - 01:58 | Português | |
Poesia/Geral | MAR | 3 | 1.293 | 12/27/2009 - 02:01 | Português | |
Poesia/Geral | JUDAS | 1 | 1.409 | 12/27/2009 - 01:00 | Português | |
Prosas/Pensamentos | PALAVRA | 1 | 1.414 | 12/23/2009 - 00:35 | Português | |
Poesia/Geral | MALGRADO | 1 | 1.100 | 12/22/2009 - 09:21 | Português | |
Poesia/Geral | TERRA DO SAL | 2 | 1.186 | 12/22/2009 - 09:17 | Português | |
Prosas/Outros | CEIA | 1 | 1.520 | 12/19/2009 - 23:51 | Português |
Comentários
Re: VINCENZO
Parabéns pelo belo texto.
Gostei.
Um abraço,
REF