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A velhinha

A velhinha

A velhinha jazia naquela grande  cama de ferro   sem pronunciar palavra alguma. Os cobertores exalavam a um odor especial.

A sala era enorme. A luz do dia entrava pela fresta da janela velha e corroída pelo tempo. A madeira do chão da sala rugia.

O guarda-fatos tinha um espelho. O espelho era grande e  assustava-me. Para lá do espelho existiam pessoas. Estas a qualquer momento podiam sair de lá.

Eu tinha medo.

O vento soprava lá fora.

E aquelas  pessoas permaneciam dentro daquele espelho e olhavam para mim fixamente. E depois brotavam dele  como água de uma fonte. Eles eram muitos e  caminhavam tão rápido!

A velhinha continuava imóvel. Os seus cabelos brancos pareciam seda. A sua boca pequenina deleitava-me e comovia-me.

O seu corpo franzino fundia-se com os cobertores, com a cama, com a sala. O espelho, esse reluzia e assombrava-me.

De repente a voz da minha mãe penetrava toda a sala quebrando com todo o silêncio e com todo o mistério  daquela tarde.

A  velhinha já não dormia. Minha mãe dissera-me que ela estava morta e eu acariciava-lhe o rosto. E a minha mãe não deixava. A palavra Morte não fazia qualquer sentido para mim.  Morte? O que é a Morte?

Ouvia-se uns passos, umas vozes e finalmente apareciam uns rostos. Rostos fechados e carrancudos. Os dois homens olhavam para a minha mãe e de seguida para mim.

Semi-fechavam as portadas das janelas. Arrumavam para os cantos da sala as cómodas grandes e antigas.

Sentia-me estranha. O cheiro dos cobertores estavam a propagar-se pela sala. Tinham um cheiro especial, indefinido. Este odor ficara-me para sempre associado á palavra Morte.

A sala escurecera, a luz do dia esvaíra-se. O vento acalmava.

Eles vinham  buscar a minha velhinha. Ela era linda e era só   minha. O meu coração de menina encolhia-se  cada vez mais.

O espelho ameaçava-me. A minha mãe mentira-me. As pessoas  entravam e saiam do  espelho. Todos queriam levar a velhinha mas  eu não deixava.

A minha querida velhinha…

E da boca da minha mãe saíra o nome Maria.

Ela era a minha Tia Maria.

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quinta-feira, outubro 4, 2012 - 00:49

Ministério da Poesia :

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juliabarbosa

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