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O fim da estrada

I

Caminhei com a minha solidão por algum tempo,
Até chegar a hora de despertar a voz de minha boca
Comandada pela energia do meu coração.

É chegada à hora!
Não pense que ela está morta,
Deitada sem vida em alguma câmara sepulcral
Com diversas rosas e espíritos ao seu redor.
Rochester, Morrison, Azevedo, Pessoa, Byron, Anjos...
Todos buscam um santuário,
Mas ela está além disso.
Vi-a morrer
Vi-a renascer
Vi-a morrer
Vi-a renascer
Só não sei onde ela está agora.

Tento despertá-la de alguma forma,
Talvez com uma breve rima
Talvez com versos livres
Talvez com um choque de idéias ou jogos de palavras.

Não estou louco pelo passado
Não estou louco pelo presente
Não estou louco pelo futuro.
Quero ficar parado para não envelhecer,
Para não morrer,
Para vê-la novamente em meus braços
Para vê-la saindo com todo o seu amor
Na ponta de meu lápis.
Quero sentir seus lábios de poesia nos meus lábios de poeta,
Suplico pela sua fidelidade,
Sou e sempre serei leal.

A sua forma é a busca da perfeição.
Não me deixe ferido de dor,
Ainda estou a sua espera.

Minha memória lembra-se de suas livres mentiras,
Do seu pecado perdoável, da sua dor curável,
Da sua raiva sem fúria, do seu carinho sem amor,
Do seu amor sem demonstração, do seu ódio com paixão.

Você se foi e agora estou mais que sozinho,
Pois perdi a solidão,
Uma solidão triste que chamava-se - poesia.
Não sei se ela era linda ou feia,
Era tudo, porque ela dormia ao lado deste meu frio coração.

Estava sobre a sombra do entardecer quando nos despedimos:
É o fim da estrada minha única companheira,
O fim da estrada.
É o fim da estrada, de todos os nossos erros,
O fim da estrada.
É o fim da estrada, do livro que escrevíamos,
Nem conversas, nem sorrisos, nem esperança,
O fim da estrada.
Das leves intenções
Das palavras não ditas
Das expressões sem força
Das tristes manhãs caminhadas sem rumo,
O fim da estrada.

Não sei se o amor ou o ódio nos esculpiram assim:
Com doces e leves,
Fortes e resistentes semblantes,
Cada um com um ar de sublime equilíbrio.
É o fim da estrada minha única companheira,
O fim da estrada.

Um desejo agonizante por uma voz desconhecida,
Desesperadamente precisando de um olhar,
Louco por um amanhecer.
Um fogo que queima, mas que não mata,
Uma morte que expressa-se,
Que alimenta-se de agonia.

II

O medo domina a multidão do metrô,
São fogos que levam almas numa apresentação pirotécnica.
Qual o meu pecado?
Estou vivo com apenas um fio de vida.
O telhado me olha
O tempo me vigia
A porta me prende
As paredes me torturam
A cama me assusta
Os livros sussurram
O espelho me personifica,
E admiro esta solidão estranha.

É o fim da estrada minha única companheira,
O fim da estrada.
O fim do que podíamos sonhar
O fim de nossos feitos inacabados.
Fugi da minha procura,
Dormi quando cansei-me.
Não tenho mais o mesmo nome,
A mesma idade,
O mesmo pensamento,
Nem curiosidades.
Perco sempre o controle desta infâmia.
Vamos entrelaçar nossos olhares
E esquecer que um dia um teve o outro.
Estamos em qual página desta vida?
É o fim da estrada minha única companheira,
O fim da estrada.

III

Um demônio sem rosto acordou num bosque
Roubou uma face de uma velha vitrine
Desenterrou um morto para apossar-se de seus ossos
Mergulhou no líquido amniótico para conseguir uma alma,
Ocultou-se e fez-se de mudo
Para aprender o que lia.
Evoluído, ressuscitou.
Calçou suas botas de cowboy
E caminhou por um ano.
Perdeu-se e encontrou-se
Até expandir sua mente
E tornar-se um sábio.

E assim nasce a tragédia:
Pessoas escondem suas vidas do lado de dentro de suas casas.
É impossível deter nossos destinos.
Tudo isto é o resumo da vida vegetal.

Sua barba e seus cabelos são chamas
Num ardente inferno de Dante.

“Disseste tuas orações esta noite?
Sim, meu amo e esposo.
Se te vier à memória algum crime para o qual ainda não conseguiste reconciliação com os céus e a graça divina, faze esse pedido agora ao Senhor.
Ai! Meu amo e esposo, o que poderia estar querendo dizer com isso?
Bem, faze isso, e sê breve. Enquanto isso, eu dou uma caminhada. Eu não mataria o teu espírito despreparado. Não... me livre!... Eu não mataria tua alma.
Sim, e por isso tu morres.”

É o fim da estrada minha única companheira,
O fim da estrada.
Sem vontade de viver, nem leves culpas,
O fim das surpresas, dos desejos,
O fim de tudo, da loucura,
Sem perfume, sem mortes,
Só mais este tipo de morte.
O fim da estrada.

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quarta-feira, dezembro 16, 2009 - 22:15

Ministério da Poesia :

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FranciscoEspurio

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