Gosto quando te calas (Pablo Neruda)
Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
Pablo Neruda, poeta Chileno.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1732 reads
other contents of AjAraujo
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Dedicated | Auto de Natal | 2 | 1.973 | 12/16/2009 - 03:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Natal: A paz do Menino Deus! | 2 | 3.219 | 12/13/2009 - 12:32 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Uma crônica de Natal | 3 | 2.840 | 11/26/2009 - 04:00 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Natal: uma prece | 1 | 2.373 | 11/24/2009 - 12:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Arcas de Natal | 3 | 3.308 | 11/20/2009 - 04:02 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Queria apenas falar de um Natal... | 3 | 3.483 | 11/15/2009 - 21:54 | Portuguese |
Add comment