Segundo Soneto da Morte (Gabriela Mistral)
Este longo cansaço irá ser grande um dia
e a alma dirá ao corpo que não quer
arrastar o seu peso ao longo desta vida
por onde os homens vão, felizes por viver.
Sentirás que ao teu lado cavam brutalmente,
que outro hóspede chega à serena cidade.
Vou esperar que alguém me cubra completamente
e depois falaremos uma eternidade!
Só então saberás porque é que, ainda imaturo,
para as profundas fossas o teu corpo iria
aí dormir tranquilo, aí permanecer.
E então far-se-á luz no campanário escuro:
saberás que entre nós sinais de astros havia
e que, quebrando o pacto, tinhas de morrer.
Gabriela Mistral, poetisa chilena, prêmio Nobel de Literatura de 1945, In: Poesias escolhidas
Tradução de Henriqueta Lisboa. Ilus. Marianne Clouzot. Rio de Janeiro: Editora Opera Mundi, 1973.
211 p.
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