LÁBIOS REPELENTES

Químicas
cuja reacção são olhos esbugalhados.

Como portas de acesso à tristeza.

Poços mutantes,
demónios outrora flores.

Ventos cujo sopro são enxames
de mãos em bofetada pela cara das emoções.

Papeis em branco.

Quietudes inquietas. Abandonadas.

Assim como reflecte a lua na corrente do rio.

Grito interior cuja fusão são lágrimas.

Nuvens de ausência
em aplauso fútil na plateia da alma.

Actos em pânicos divinos.

Voz de cactos sobre lama da mente.

Como desabafos satânicos.

Lábios repelentes
cujo beijo são hálitos inabordáveis.

Como sementeira de afastos no corpo.

Enjoos como quem vai em vertigem.

Como se o amor fosse
um helicóptero sem hélices.