AMOR COMO MÁQUINA A SUAR ALCATRÃO


Voz em chamas,
medo maior do que a boca que o grita.

Amarga ilha, ressurrecto além do tempo.
Manhã como túmulo da vez sem primavera.

Lágrima cercada
por sinos despovoados de rebate do ser.

Lugar de silêncio. Inverno pintor
de perfumes frios nos prados dos olhos.

Da alma ao caos, poema de pedra em solidão.

Ninfa deserta,
turbulenta colina de trevas despidas sem nome.

Violino de poeiras numa esquina
de ventos onde espirra a vertigem do tempo.

Poeta louco, poeta só
qual trovão gravita os céus da tempestade.

Noites ao relento das urtigas
como regaço esmagado por adeus.

Ruas de tímpanos fúnebres,
pássaro sem brisa onde pousar a despedida.

Canção de aço, travo de escuridões
que enlameiam os pulsos do olhar com não.

Mar que chora em eclipse,
rio vagabundo num corpo ermo.
Dor que desagua no chão o arco-íris sem cor.

O amor como máquina a suar alcatrão.
Vento que varre o pão das palavras… Fantasia.
Braço que esgrima as árvores do beijo… Distância.

 

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Monday, September 19, 2011 - 17:52

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Henrique

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Um belo texto

Um poema que se marca

por a força das palavras, que descrevem

um coração dilacerado.

:-)

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