PELA PEUGADA DA CHUVA

Lágrimas são telhados cujas telhas
são insultos insanos por ventos de tristeza.

Ventos de sopro desiludido
como chão de colheitas frágeis
cujo piso se enlameia de sementes mortas.

Hortas sem essência
tal fôlego abafado por lua apagada
pela peugada da chuva que cai saudade.

Pensamentos que sugam da pele a cor
com arbustos de solidão como estufa de pesadelos.

Janela de vista trucidada
pelo peso do nada como céu de noite fria
cujo breu cintila estrelas em pranto de insónia.

Hálito engasgado por sombras
que esfriam o tacto de um beijo insípido.

Saliva que esfola
o lençol dos sonhos com garras de fogo.

Labareda ateada
por lenhas de entes que ruíram da vida.

Emoções como ponte
para penhascos infinitos
cuja vertigem é um vórtice sem volta.

Pedra em destino ao pó que a esculpiu
cuja poeira a morte espirra como mentira nua.

Crua escuridão claustrofóbica
num dominó de terra como furacão
de sete palmos escavados por desistência.

 

 

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Tuesday, October 25, 2011 - 20:50

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