Poesia e Rima - Ensaio
Já se disse que “ninguém é poeta por saber rimar”. É certo. Pois, ainda que seja louvável a arte de buscar com denodo palavras de sons iguais e, além, composições métricas que fazem de simples frases sentenças melódicas, não está aí o quê pode definir a Poesia.
Em perfeito pari-passu com a História do Homem, a poesia adquiriu com o correr do tempo as mais variadas formas, passando de versos alexandrinos a parnasianos, a românticos, a simbolistas, a concretos etc. até que em meados da década de 1920, chegou-se ao predomínio dos Versos Livres. No Brasil, esse momento se deu mais especificamente durante a Semana de Arte Moderna em 1922, com a ascensão de Carlos Drumonnd de Andrade, entre outros.
Versos livres, por serem literalmente libertos das amarras acadêmicas de Rimas, de Metros e de Esquemas e Fórmulas. A poesia pôde, enfim, voar em seu elemento: o sentir!
Não que antes não bebesse dessa fonte, pois os Sentimentos sempre foram o alimento da Poesia. Porém, a exemplo do amor que cantava, o Poema vestia tais e tantas armaduras que a beleza de sua alma ficava restrita aos poucos possibilitados de entendê-la. Aos demais restavam os arremedos indigentes da arte, fato que ensejou o surgimento dos folhetins, das trovas pornográficas, das novelas popularescas e outras expressões que florescem em meios brutos e incultos.
A poesia, como arte, ficou restrita aos Saraus da pernóstica burguesia e, depois, aos bancos escolares com a imposição de antigas poesias, com suas formulas e temas vestutos. E esse panorama sombrio só mudou - primeiro na década de 1920 - e, depois, em meados de 1968 com a explosão cultural que seguiu às rebeliões contra o antigo Sistema. A poesia, como gênero literário, foi redescoberta a partir do surgimento de uma nova e talentosa geração de poetas. Se nos anos de 1940 a 1950, algo parecido já acontecera, agora o movimento abrangia a quase todos os seguimentos sociais. Letras de Rock, de Baladas, de Sambas, de “Músicas de Protestos” etc. cantaram amores e Causas com tal beleza que taxá-las de Poesia foi uma decorrência natural. E aqui no Brasil se fez mais. Junto com o talento de Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Simone e tantos (as) outros (as); poetas já renomados como Vinicius de Moraes, trocaram a caneta pelo violão para declamarem seus versos. Outros, sem o talento musical do Poetinha, foram integrados à explosão cultural e o Mundo viu o esplendor de Drumonnd, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Thyago de Mello etc. serem mostrados em Teatros, em Cinemas, em Shows, Sambódromos etc. Em paralelo, assistia-se ao nascimento de Menestréis do porte de Cazuza, Wally Salomão etc. Fez-se Poesia!
E é nessa trilha que aprendizes como este escrevinhador se lançam. Homens velhos e novos poetas buscam ofertar o que lhes passa, o que lhes marca e o que lhes fica. Cantamos amores findos, amores vindos. Falamos do que vimos, do que ouvimos. Contamos das lutas que lutamos; das utopias que buscamos, dos sonhos que abandonamos e, principalmente, declamamos o que somos: poetas. Porque sentimos, mesmo sem saber rimar.
Rio, 16 de Novembro de 2011
Dedicado à Poetisa Cristina de Almeida Rodrigues (Cristina_RJ).
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 3877 reads
Add comment
other contents of fabiovillela
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Sadness | A Canção de Alepo | 0 | 8.286 | 10/01/2016 - 22:17 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Nada | 0 | 6.976 | 07/07/2016 - 16:34 | Portuguese | |
Poesia/Love | As Manhãs | 0 | 6.964 | 07/02/2016 - 14:49 | Portuguese | |
Poesia/General | A Ave de Arribação | 0 | 7.148 | 06/20/2016 - 18:10 | Portuguese | |
Poesia/Love | BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE | 0 | 8.930 | 06/06/2016 - 19:30 | Portuguese | |
Prosas/Others | A Dialética | 0 | 12.657 | 04/19/2016 - 21:44 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | OS FINS | 0 | 7.716 | 04/17/2016 - 12:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O Camareiro | 0 | 9.881 | 03/16/2016 - 22:28 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Fim | 1 | 7.078 | 03/04/2016 - 22:54 | Portuguese | |
Poesia/Love | Rio, de 451 Janeiros | 1 | 11.886 | 03/04/2016 - 22:19 | Portuguese | |
Prosas/Others | Rostos e Livros | 0 | 10.832 | 02/18/2016 - 20:14 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Nova Enseada | 0 | 7.128 | 02/17/2016 - 15:52 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Voo de Papillon | 0 | 6.404 | 02/02/2016 - 18:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O Avião | 0 | 7.505 | 01/24/2016 - 16:25 | Portuguese | |
Poesia/Love | Amores e Realejos | 0 | 8.766 | 01/23/2016 - 16:38 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Os Lusos Poetas | 0 | 7.081 | 01/17/2016 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Voo | 0 | 6.900 | 01/08/2016 - 18:53 | Portuguese | |
Prosas/Others | Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico | 0 | 13.268 | 01/07/2016 - 20:31 | Portuguese | |
Poesia/Love | Revellion em Copacabana | 0 | 6.352 | 12/31/2015 - 15:19 | Portuguese | |
Poesia/General | Porque é Natal, sejamos Quixotes | 0 | 8.247 | 12/23/2015 - 18:07 | Portuguese | |
Poesia/General | A Cena | 0 | 7.842 | 12/21/2015 - 13:55 | Portuguese | |
Prosas/Others | Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. | 0 | 11.969 | 12/20/2015 - 19:17 | Portuguese | |
Poesia/Love | Os Vazios | 0 | 10.773 | 12/18/2015 - 20:59 | Portuguese | |
Prosas/Others | O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. | 0 | 9.893 | 12/15/2015 - 14:59 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Hora | 0 | 10.265 | 12/12/2015 - 16:54 | Portuguese |
Comments
A poesia
A poesia descobre-se
no sorriso de uma criança
e na experiência de um idoso.
É a vida pedindo para ser mostrada
ao mundo
na sua forma mais simples
e linda.
Amo você! Beijos