GRITO DE QUEM MÃE CHORA

Silêncio que demora ruir.
Suspiro qual hora de sentir o frio
que greta os lábios com fissuras de adeus.

Céus de urtigas dores
que fustigam a alma como pinheiro só
no pomo de uma ausência desfeita em lágrimas.

Lágrimas sem leme como canoas imperfeitas
a flutuar em saudade nos ares dos olhos de uma mãe.

Morada de sufocos como vento
a murmurar o seu luto na aresta de uma lápide
inumada no peito do tempo onde tudo paira apático.

Corpo de pedra
cinzelado pela solidão da noite
envolta num xaile de tristeza como canção fria
que se parte em pedaços aos pés trôpegos da madrugada.

Pranto onde o infinito naufraga em nada.

Mão desvairada
que em uivo atira o ar ao chão
como ódio atalha o mar do olhar com opacidade.

Relâmpago de quem sabe
ao que sabe a bofetada da madrasta distância.

Véu onde o tamanho do universo morre,
breu atónito por onde a idade corre sem bússola.

Coroa de espinhos à cabeça do ser
como sol que veste a lua de pântanos
onde quem sofre ladrilha palavras caladas.

Nébula que pinta
o farol da esperança com morte,
borboleta sem norte num lamento perdulário.

 

 

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Thursday, December 8, 2011 - 11:53

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