PALAVRAS DENTRO DAS PALAVRAS

Curvas de vidro… Frágeis!

Nervuras absintas como folhas caídas
pelo chão das canções descoradas do Outono.

Inculpabilidades feitas de palavras… Indómitas!

Que me espalham pelos labirintos do meu tamanho!

Que me espelham nas águas do amor… Atómicas!

Que me dizem de pedra em pedra…

De pó em pó pelo tempo!

Palavras de silêncio como ponto final no infinito.

Que me encurtam a voz… Marciais!

Que percorrem as distâncias entre mim… Animais!

Palavras como números incontáveis… Cardos liquefeitos!

Multidão de marés… Prevaricações de pés estrábicos!

Extensão de mordeduras
que esculpem as faces dos continentes… Latifúndios!

Palavras dentro das palavras… Sintetizações geométricas!

Abandalhação impulsiva
dos sentidos em oposição à compreensão… Línguas inestéticas!
 
Palavras prisioneiras de uma recta arqueada,
como se os meus olhos fossem pássaros a chilrear 
dentro de uma gaiola de relâmpagos… (A minha alma)