A Maçã de Satanás
Entreaberta madeixa loira aos olhares,
sibilei aos ramos da inocência,
das pegadas segui-te aos lábios,
entre distâncias ténues aos corpos,
uma maçã,
nas trémulas pernas te serpente-ei,
deslizes em escorridas seivas,
expirada folha em ressonância vúlvica.
Digeridos angelicais pavores em gemidos,
das escamas em voracidade,
a penetração,
como ardor de fecundidade,
às destruídas memórias deificadas,
implosão gélida no sensitivo arrepio,
um bramido de medo humidificado,
do clitoriano,
como estridente possessão,
explodi-te em ácidos as vísceras,
imaculada sucumbida.
Inerte às avalanches de fluidos,
entre lábios ejaculadas cascatas de salivas,
um barco afundado na tua boca,
nela o meu,
trajectórias à mucosidade,
entreguei êxtases à faísca,
convulsões à réplica,
dos teus involuntários energéticos,
vibrante incompletude violadora,
asseveração da ininterrupção.
Da costela arrancada na autópsia das cinzas,
sucumbi-te a validade,
desprezo pelo teu prazo,
rebentei-te prazer às rochas da inexistência,
das tormentas paradisíacas invocada a pulsão,
como fluxo da repetição,
sobre madeixas mortas à tempestade,
a irreversível necrofilia.
Das plantadas turbulências ao cadavérico,
as sementes,
germinei-te como paraísos dissolvidos,
e da maçã,
resoluto fluído sumarento.
Invoquei queda eterna às pombas circulares.
Invoquei arrebatados morcegos para o púlpito.
Invoquei nuvens de execradores abutres.
Insaciáveis sumarentas luxúrias,
do teu corpo dilacerado,
os fragmentos comestíveis,
laminados seios à delícia,
temperamentos às velas efémeras,
do canibalismo aos infernos com estandartes,
eu alado com eles,
como ira sedenta aos desejos.
Nas chamas da virtude,
a hecatombe de metamorfoses,
no regresso ao caos,
pomares de desejos teus,
devir da inviolável lisonja da vontade,
à expurgada decadência divina,
contemplada devoção à sumptuosa,
de ti,
pujante feminilidade eterna.
© BM Resende
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 711 reads
Add comment
other contents of BMResende
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Thoughts | hidromorfose IV – zumbidos da diástole | 0 | 2.177 | 05/13/2011 - 02:10 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | hidromorfose III – cerejas de âmbar | 0 | 1.751 | 05/13/2011 - 02:08 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | hidromorfose I – escarpa lacrimária | 1 | 1.936 | 05/13/2011 - 02:03 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | hidromorfose II – anseio ovular | 0 | 1.675 | 05/13/2011 - 01:56 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | porque o cavaco é uma avantesma parida de si mesmo | 4 | 2.846 | 03/26/2011 - 00:08 | Portuguese | |
Fotos/Nature | azimute | 0 | 3.164 | 03/08/2011 - 20:03 | Portuguese | |
Fotos/Nature | descravidades | 0 | 2.343 | 03/08/2011 - 19:57 | Portuguese | |
Fotos/Nature | entre vês II | 0 | 2.082 | 02/25/2011 - 03:24 | Portuguese | |
Fotos/Nature | fogueiras reticulares | 5 | 2.737 | 01/16/2011 - 05:44 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades II - fechadura de enraizamento luzicída | 1 | 2.729 | 01/05/2011 - 23:00 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | sobre os biscoitos | 0 | 2.214 | 12/30/2010 - 15:58 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | sobre o vermelho | 0 | 2.040 | 12/30/2010 - 15:57 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades XIII - arena satânica no devir de fogo circular | 0 | 3.274 | 12/29/2010 - 20:27 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades XII - intermezzo | 0 | 1.900 | 12/29/2010 - 20:18 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades XI - frequências canalizadas ao epicentro | 0 | 2.122 | 12/29/2010 - 20:12 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades X - pensamento ramificado | 0 | 2.330 | 12/29/2010 - 19:35 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades IX - renascimento do zoomórfico abstracional | 0 | 4.187 | 12/29/2010 - 19:27 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades VIII - pesologia leiterária na destreza canhota | 0 | 3.690 | 12/29/2010 - 19:21 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades VII - dizer água | 0 | 2.194 | 12/29/2010 - 19:15 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades VI - quatro degraus aos quais falta o primeiro | 0 | 2.184 | 12/29/2010 - 19:07 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades V - isomorfismo do espelho no horizonte | 0 | 2.629 | 12/29/2010 - 17:03 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades IV - tendendo para a sua forma | 0 | 2.321 | 12/29/2010 - 17:01 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades III - degrau porticular | 0 | 1.857 | 12/29/2010 - 16:59 | Portuguese | |
Fotos/Others | porticularidades I - pórtico da desnatalidade trigésima quarta | 0 | 2.153 | 12/29/2010 - 16:52 | Portuguese | |
Prosas/Teatro | as natalícias [ensaio de teatro] | 0 | 1.440 | 12/28/2010 - 15:23 | Portuguese |
Comments
Re: A Maçã de Satanás
Entreaberta madeixa loira aos olhares,
sibilei aos ramos da inocência,
das pegadas segui-te aos lábios,
entre distâncias ténues aos corpos,
uma maçã,
nas trémulas pernas te serpente-ei,
deslizes em escorridas seivas,
expirada folha em ressonância vúlvica.
Pujante feminilidade eterna.
8-)
Re: A Maçã de Satanás
Carregado de erotismo.
Gostei.
Abraço