"PAI NOSSO"…

“Pai nosso que estais no céu”

Súbito dissimulado em vinho ócio.
Hóstia tolhida por paladares embriagados.

“santificado seja o Vosso nome”

Imodéstia que tolda poluída de sal grosso
as citações das palavras “estar”.

Dizer desertificado, lado incontido no oculto.

Calhas dispersas em cores
que repintam o escopo à tenebrosidade.

“venha a nós o Vosso Reino”

Sombras feitas de redondos breus,
de curvas aos tombos pelo soro do adeus.

“seja feita a Vossa vontade”

Tardar desfocado, entranhas arrancadas do eclipse.

“assim na Terra como no Céu”

Tear em telhado incerto.
Espinho atado ao arame que cerca o alastro do perto.

“o pão nosso de cada dia nos dai hoje”

Lugar perto de tão longe…

“perdoai as nossas ofensas”

Incêndio sem ritmo.
Aparência enfatizada em graus furtivos.

“assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”

Na mão do tempo. (a espera)
Aos olhos do tempo. (números sem leme)

“e não nos deixeis cair em tentação”

Da voz do tempo.
(cintas num monte de entulho)
Silêncio ilusionista, feito de barulho.
Sossego desfeito por agulhas no palheiro.

“mas livrai-nos do Mal”

Caminhar derrubado por letras saqueadas às lágrimas.
No poema do tempo me ordenho a as tetas da alma.
Vaca divina em pasto satânico.

Perónio de fomes onde as ervas são as pernas ágeis do tempo.
Correm, pisam, ultrajam, madrugam a cada instante.

Vivem e morrem hoje.

“Amém”

 

 

 

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Monday, March 19, 2012 - 19:36

Poesia :

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Henrique

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Comments

Jorge Humberto's picture

Meu querido, amigo e poeta, Henrique,

Meu querido, amigo e poeta, Henrique,
 

uma poema, uma oração, em versos muitos originais. Parabéns!
 

Abraços meus.
Jorge Humberto

Odete Ferreira's picture

Engraçado, estive

Engraçado, estive para fazer um poema partindo do Pai Nosso, amigo Henrique.

Ainda bem que o não fiz, seria apenas um reflexo da grandiosidade da tua escrita!

(Fiz dois alusivos ao dia, num deles - não divulgado -  apenas uso um verso da oração....)

Bjos, querido amigo

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