OLHAR AFLUENTE AO ÓBITO DA DISTÂNCIA …

Janelas mortas pelo chão de vistas
carregadas de nada.

Sombras doadas ao grito.

Porcelana nocturna,
escacada pela escada do fim dos tempos.

Entulhos de basta.

Barulhos esfarrapados por besta ansiedade
a encher os decibéis do silêncio.

Bofetadas semeadas no escuro da noite,
imagem acesa em açoite de saudade.

Atalhos como pinturas sôfregas
a demasiar o cieiro nos lábios do caminho.

Cores sem leme,
lamas enfunadas ao desnorte.

Olhar afluente ao óbito da distância.

Mãos que conversam multidões incendiárias.

Braços que se afastam em solidão.

Corpos cujo sangue boia no eclipse das lágrimas
esventradas das luas da alma.

Ódios sorridentes,
cantigas como urtigas habitantes
pelo fundo de gentes num rio de intrigas.

Arco-íris oculto
na cabeça de um fósforo ensopado
por néctares de vergonha e fado inculto.

Mar abandonado na roupa do nevoeiro
que veste o adeus com ilusões que voam baixinho.

Vozes que andam de pernas pró ar
debaixo da língua das coisas.

Quilómetro de pessoas
entubadas ao esgoto do verbo
que teima retornar ao pó que queima a humanidade.

O amor como caixão de chuva ácida.

A paixão como palco de tragédias
que ameaçam ruir o fogo.

As horas mumificadas
em gargalhadas subterrâneas
onde a extinção se despista na bainha do infinito.

.
.
.
.

Submited by

Wednesday, June 13, 2012 - 23:00

Poesia :

Your rating: None (2 votes)

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 9 years 44 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Thoughts DA POESIA 1 8.783 05/26/2020 - 22:50 Portuguese
Videos/Others Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 49.097 06/11/2019 - 08:39 Portuguese
Poesia/Sadness TEUS OLHOS SÃO NADA 1 7.666 03/06/2018 - 20:51 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 8.289 02/28/2018 - 16:42 Portuguese
Poesia/Thoughts APALPOS INTERMITENTES 0 7.608 02/10/2015 - 21:50 Portuguese
Poesia/Aphorism AQUILO QUE O JUÍZO É 0 7.437 02/03/2015 - 19:08 Portuguese
Poesia/Thoughts ISENTO DE AMAR 0 7.556 02/02/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Love LUME MAIS DO QUE ACESO 0 7.995 02/01/2015 - 21:51 Portuguese
Poesia/Thoughts PELO TEMPO 0 6.455 01/31/2015 - 20:34 Portuguese
Poesia/Thoughts DO AMOR 0 6.228 01/30/2015 - 20:48 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SENTIMENTO 0 6.037 01/29/2015 - 21:55 Portuguese
Poesia/Thoughts DO PENSAMENTO 0 7.273 01/29/2015 - 18:53 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SONHO 0 5.261 01/29/2015 - 00:04 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SILÊNCIO 0 6.556 01/28/2015 - 23:36 Portuguese
Poesia/Thoughts DA CALMA 0 5.938 01/28/2015 - 20:27 Portuguese
Poesia/Thoughts REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 5.084 01/27/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Thoughts MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 6.748 01/27/2015 - 15:59 Portuguese
Poesia/Aphorism NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 6.292 01/26/2015 - 19:44 Portuguese
Poesia/Thoughts SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 7.104 01/25/2015 - 21:36 Portuguese
Poesia/Thoughts MIGALHAS DE SAUDADE 0 5.431 01/22/2015 - 21:32 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 5.828 01/21/2015 - 17:00 Portuguese
Poesia/Thoughts PALAVRAS À LUPA 0 6.131 01/20/2015 - 18:38 Portuguese
Poesia/Thoughts MADRESSILVA 0 4.886 01/19/2015 - 20:07 Portuguese
Poesia/Thoughts NA SOLIDÃO 0 7.610 01/17/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Thoughts LÁPIS DE SER 0 6.988 01/16/2015 - 19:47 Portuguese