Ferdinand SAUSSURE - Filósofos Modernos e Contemporâneos
1857 – 1913
O Significado e o Significante
“Toda mensagem é composta por Signos”, Roman Jakobson.
“Na vida dos Indivíduos e da Sociedade, a Lingua-gem é um fator de importância maior do que qual-quer outro”.
Em 1880 defendeu sua tese de Doutorado – Sobre o Emprego do Genitivo Absoluto em Sânscrito – e em 1881 assumiu a Cátedra de Linguística Comparada na Escola de Altos Estudos, de Paris, França. Em 1886 mudou-se para a Alemanha para completar seus estudos e em 1891 transferiu-se para Genebra onde lecionou na Universidade homônima as disciplinas de “Linguística Indo-Europeia” e “Sânscrito” até 1906. Entre 1907 a 1910, ministrou outros cursos de Linguística na mesma Universidade, da qual só se desligou ao falecer com 55 anos.
Ferdinand não tinha o hábito de manter anotações e desse modo deve-se a seus discípulos Charles Bal-ly e Albert Sechehaye a organização das anotações (as suas próprias e as de outros alunos) que permitiu a elaboração e a publicação da obra master do Linguista – Curso de Linguística Geral – em 1915, que é considerada a fundadora da Linguística Moderna.
NOTA do AUTOR – essa consideração, contudo, não significa que haja unanimidade sobre o mérito da mesma, pois são vários os críticos dos métodos de SAUSSURE.
SAUSSURE considerava a Linguagem como um Sistema composto por subsistemas de símbolos (as Palavras, mas especificamente) que agem como unidades básicas desse Sistema.
Seus estudos serviram de fundamento, de base, para uma nova Teoria que foi chamada de Semióti-ca, ou Semiologia. Tal Teoria sobre os símbolos, ou signos foi desenvolvida por outros eruditos durante o século passado, dentre os quais deve ser citado Roman Jakobson o autor da frase em epigrafe (toda mensagem é composta por sinais) que sintetizou com a referida sentença a forma de abor-dagem da Semiótica.
Mas o que é exatamente um Signo (um Símbolo, um Sinal)?
Pode-se dizer que o Signo é algo que tem o poder, a capacidade, de representar alguma coisa. Para SAUSSURE esse “algo” é formado por duas par-tes:
1 – Significante – que é a forma gráfica (ou como a Palavra [ou um sinal aritmético, por exemplo]) é escrita. E, também, a imagem acústica que é a imagem mental produzida pelo Som da palavra. Quando, por exemplo, eu ouço a palavra “Rosa”, eu imagino a respectiva flor. Eu fiz, portanto, uma imagem mental a partir de determinado som.
2 – Significado – o que a Palavra significa. O que é que a Palavra representa. A Palavra “Rosa”, por exemplo, significa, representa a flor respectiva.
Nesse segundo item, Significado, SAUSSURE a-bandonou a antiga tradição que afirmava ser a Lin-guagem o Estudo sobre a ligação, ou sobre a rela-ção, entre as Palavras e as Coisas (objetos, Seres, pensamentos, emoções, etc.) e atribuiu os aspectos característicos de um signo às operações mentais e não mais à existência física, concreta, material da Coisa falada.
Assim, o que entendemos como “cão”, por exem-plo, “é” a imagem acústica que formamos a partir da audição da Palavra “cão”, e não o cão físico, concreto. O animal em si.
Pois bem, justamente por ser “apenas uma concep-ção de nossas mentes”, não há qualquer obrigatori-edade de que a mensagem esteja vinculada a algu-ma “Lei”, ou regra, ou característica que a obrigue a ser fiel a alguma analogia, ou a algum aspecto da Natureza Física, material, concreta. Assim como, também inexiste qualquer regra que obrigue a asso-ciação entre o Som e a respectiva Palavra.
Portanto, é totalmente Arbitrária, fruto de mera convenção ou acordo entre as pessoas, a ligação entre o Significante e o Significado. A esse des-compromisso, SAUSSURE deu o nome de Arbi-trariedade.
Por isso, em um idioma eu posso ter como Significante o termo “dog” e noutra língua a palavra “ca-chorro” sem qualquer prejuízo para o Significado. Nada há de “particularmente canino (como a imitação de um latido, de um uivo etc.)” nessas palavras. Sua criação foi apenas um entendimento entre as pesso-as de determinado grupo social.
NOTA do AUTOR – em relação à formação dos Idiomas, não nos alongaremos por ser um tema além da Linguagem em si. Sugerimos que o leitor busque ensinamento na Filosofia de Jacques Rousseau, entre outros.
Imposição da Linguagem
Por estar desvinculada de qualquer associação com eventos e fatos da Natureza, como vimos no pará-grafo anterior, a Linguagem não é uma habilidade natural e por isso ela é Imposta pela Sociedade ao indivíduo, a partir do momento que lhe são ensina-das as primeiras palavras.
Porém, a Fala é um ato exclusivamente voluntário para todos os Homens que gozem de suas faculda-des mentais preservadas. Nada pode obrigar o indi-viduo a quebrar o próprio e desejado silêncio.
1 – Diacronia – titulo dado aos estudos sobre a Linguagem que Não se limitam a certo período de tempo. São os estudos que a investigam durante Todo o correr do Tempo.
2 – Sincronia – o contrário do anterior. Ou seja, as investigações feitas sobre a Linguagem vigente em apenas certa época.
Recapitulando brevemente, vemos que a Lingua-gem é formada pela Fala + a Língua (idioma); que o que forma o Idioma são os Signos (as Palavras e os outros sinais, como, por exemplo, a vírgula, o ponto de ex-clamação, o sinal de mais etc.), os quais, por sua vez, são formados pelo Significante + o Significado.
Essas grandes divisões, não obstante sua importân-cia, mostraram-se limitantes e limitadas para atender às necessidades de se aprofundar e padronizar os estudos Linguísticos. Dessa constatação, houve por bem uma fragmentação nos conceitos, da qual se originaram as seguintes “Correntes da Linguística”:
1 – Gerativismo – procura mostrar a capacidade que o Indivíduo tem para compreender uma frase mediante um número finito de regras e elementos combinados.
2 – Pragmatismo – aborda a relação entre o Dis-curso e a Situação Comunicativa (como, em que mo-mento, de que forma, sob quais circunstâncias etc.) em que tal Discurso foi produzido. Que forças atuavam sobre o Indivíduo que o levou a fazer tal pronunci-amento e não algum outro.
3 – Estruturalismo – o estudo que entender ser a Linguagem um Sistema articulado em que todos os seus elementos estão interligados.
1. Fonética – o estudo dos Sons da Fala.
2. Fonologia – o estudo dos Fonemas
3. Morfologia – o estudo das estruturas (do for-mato), da formação, das flexões (plural, femi-nino etc.) e da classificação (verbo, substantivo, adjetivo etc.) das palavras.
4. Sintaxe – o estudo das relações entre as pa-lavras e entre as frases.
5. Semântica – o estudo do significado das pa-lavras e as modificações havidas nos mes-mos.
6. Lexicologia – o estudo do conjunto das Pa-lavras de um idioma.
7. Estilística – o estudo dos recursos utilizados e utilizáveis para enriquecer, ou adornar, os discursos escritos ou as Oratórias. São tam-bém conhecidas como “Figuras de Lingua-gem”.
8. Pragmática - o estudo sobre como a Fala é usada no cotidiano.
9. Filologia – o estudo da Língua através dos antigos documentos escritos.
Por fim, resta declinar que apesar de não contar com a simpatia unânime do meio intelectual, a obra de SAUSSURE continua a inspirar os Filósofos contemporâneos, como aconteceu com Noam Chomsky que apoiou suas teses nas teorias do célebre suíço.
São Paulo, 16 de Junho de 2012.
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Estudei
Estudei o chamado "pai da linguística" na faculdade. Bom recordar. Obg :)
Bjo