Era a Memória Ardente a Inclinar-se (Walter Benjamin)

Era a memória ardente a inclinar-se
à giesta do tempo por frescura
mas o que em seu espelho se figura
vê que está só e a mesma dor foi dar-se

noite e dia e silente de amargura
uma saudade em febre o viu queimar-se
até vir por um "sim" a consolar-se
e do perdão mudo hino lhe assegura

levando imagens e sinais de vez
O olhar liberto penetrou no assento
do alto luto onde da palidez

dos invernos se erguia outro rebento
de cálices que embalam as sementes
dando ao nome louvado descendentes.

Walter Benjamin, poeta e filósofo alemão (1892-1940), in "Sonetos"
Tradução de Vasco Graça Moura

Submited by

Thursday, June 21, 2012 - 00:42

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 7 years 4 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Comments

Mpiosso-ye-kongo's picture

Era a Memória Ardente a Inclinar-se (Walter Benjamin)

Amei ler este maravilhoso soneto.

Um grande abraço.

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated Auto de Natal 2 4.781 12/16/2009 - 03:43 Portuguese
Poesia/Meditation Natal: A paz do Menino Deus! 2 6.458 12/13/2009 - 12:32 Portuguese
Poesia/Aphorism Uma crônica de Natal 3 5.089 11/26/2009 - 04:00 Portuguese
Poesia/Dedicated Natal: uma prece 1 3.887 11/24/2009 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Arcas de Natal 3 6.776 11/20/2009 - 04:02 Portuguese
Poesia/Meditation Queria apenas falar de um Natal... 3 7.678 11/15/2009 - 21:54 Portuguese