Os estrangeiros

Os Estrangeiros

Não saber amar
o limite, o extremo desse olhar
a vertigem a posse desculpada
em amar .
A partir dai,
tudo justifica,
e aos outros seres
perdidos na lógica
castrados para amar à nascença
resta-lhes a nudez
o frio que advêm
a secura nos olhos
espelho vivo
da lisura do coração .

São os estrangeiros
os filhos do tempo da duvida
os desalojados dos grandes romances
o produto da racionalidade
perdidos no desamor
na procura de uma imperfeição inatingível
são seus meros neurónios
ativados por hormonas
quantificáveis ao infímo
que tudo provocam
num equilíbrio mecânico perfeito.

Aos estrangeiros
ausentes de sentir
desde já aqui manifesto
meu desprezo , meu nojo .
Felizes os que sentem
porque a terra lhes será quente
aos outros,
restara a indiferença das moléculas
que os cobrirá.

Dispensam-se as flores
basta a terra e seu peso
basta a morte bem merecida
que chega injustamente tarde,
a ruindade os resiste
e por isso sobram e infectam
esse belo planeta.

Como seria, se só houvesse
o saber amar !

        22/06/94