O VENTO E O MAR
O vento e o mar
Naquela madrugada com a lua vestida de luto vi um desafio,
Entre o vento furioso e as ondas do extenso mar bravio,
As ondas fustigavam a praia e o vento soprava as negras nuvens,
Que corriam no céu para qualquer lugar que eu desconheço,
Era uma luta gigante que me fazia acelerar o meu coração,
No entanto, eu gostava de ver e sentir tamanha emoção,
Que me envolvia naquela luta como se fosse juiz naquele processo.
A espuma das ondas cobria – me o rosto e o vento sacudia sem piedade,
E eu assistia e contemplava a esta contenda cheio de ansiedade,
Para ver quem vencia esta luta fratricida de gigantes da Natureza,
As ondas do mar sacudidas pela força da grande e vil ventania,
Até parecia que tinha boca profunda de um leão que rugia,
Mas sentia nesta luta aguerrida e furiosa qualquer coisa de nobreza.
Um barco dançava nas ondas e o vento sacudia – lhe as alvas velas,
Que me fazia lembrar uma linda e calma pintura de aguarelas,
O barco foi apanhado no meio desta contenda sem ter qualquer culpa,
Que entre aqueles dois irmãos da Natureza se estava a travar
E lá se ia aguentando sacudido pela luta entre vento e o mar,
Ouvindo – se os gritos dos marinheiros com palavras que os insulta.
Nenhum destes gigantes queria ceder até que ouvi uma voz profunda,
Lá do alto do infinito que me parecia que era do céu oriunda,
E então, o vento e o mar, depressa obedeceram, sem reclamar,
E repentinamente tudo ficou calmo como se a luta não tivesse existido,
A Lua se vestiu de branco como uma noiva de um casamento vivido,
Os meus olhos viram o barco navegando entre a calma do vento e do mar.
A seguir senti dentro de mim a alegria e a emoção de uma contenda finda,
Que gostei de ver, e fiquei muito mais calmo pelo fim desta luta desavinda,
Que punha em jogo a vida dos marinheiros daquele barco distante,
E aquela voz bramida lá do alto ordenou e o vento e o mar obedeceram,
E os dois gigantes se acalmaram e depois como amigos se abraçaram,
E assim fizeram a vontade à voz lá do alto com uma abraço apaixonante.
Tavira, 19 de Janeiro de 2010 - Estêvão
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