AMANHÃ

Amanhã

O amanhã eu desconheço, não sei o que vai acontecer,

Apenas sei o que já passou, nada posso antever,

Nada sei sobre o amanhã, apenas faço a minha espera,

Penso e desejo mas tudo não passa duma quimera.

Prever o futuro nada custa, é uma questão de pensamento,

Apenas sei o que se passa do momento a outro momento,

Assim vou fazendo a compilação da minha história,

Que não fica registada em livro, apenas na minha memória.

O passado, a pouco e pouco eu vou construindo,

É o futuro que já passou e de mim vai fugindo,

O passado vai engrossando com o futuro que sempre cai,

E o futuro vai diminuindo com o passado que se vai.

O amanhã sempre continua, há sempre uma outra ocasião,

E eu vou sempre esperando, por uma outra conjunção,

Que a vida vai ligando os passos que hei – de dar,

E assim se vai fazendo, toda a história do meu andar.

As ilusões nada constroem, os meus sonhos me dão esperança,

Que o amanhã seja melhor no meu tempo que hoje avança,

E vai fugindo para trás, contando o tempo que passa,

E eu quero dar vida ao tempo que passa por mim e me abraça.

Eu vou chamando por mim mas às vezes não me ouço,

O passado não me deixa ouvir o que quero e eu não posso,

Pelo ruído do tempo que passa e eu não dou por ele passar,

Quando olho para o tempo, eu já perdi o meu andar.

No tempo do meu acordar, eu vou sonhando comigo,

Vou entrando pelo futuro mas agarrá – lo eu não consigo,

Mas eu corro sempre atrás dele para não perder o meu tempo,

Mas agarrar o futuro é como correr atrás do vento.

O amanhã anda com o Sol que todos os dias vai aparecendo,

Quanto mais amanhãs passam mais o meu tempo vai morrendo,

Mas a esperança nunca morre enquanto eu for respirando,

Por isso eu quero viver hoje e o amanhã que por mim vão passando.

Nasci num amanhã que já é passado que já foi futuro, agora não,

E eu sou levado pelo tempo, no meio de tanta ilusão,

Por isso eu gosto de sonhar todos os dias acordado,

Para viver os meus sonhos sem me sentir acobardado.

Tavira, 20 de Julho de 2010 – Estêvão