SORRATEIRAMENTE

Por que frincha
se esgota o olhar espantado
depois de tanto espancado estar,

caiado de branco virgem
onde a alma pinta o seu lugar,

onde o tempo espera todos os chegares,

todos os esquecimentos
que não foram esquecidos,

por que frincha o olhar se entala,
depois que tanto ver cala o silêncio,

de veres idos sorrateiramente,

despidos

pelo corpo musculado do amanhã,

de acordar em acordar subtraídos por nada.
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Henrique Fernandes