Nunca darei notícias

Nunca darei notícias

Nunca darei notícias, contudo
Virei sedento, do que vi por dentro
E do que trouxe do silêncio,
Das esquinas caiadas, de prata e nata.

Visto que morei na rua, nunca darei notícias,
Aos que quero tanto,
Virei com vontade atenta,
E lembranças na pele, do trajecto.

Virei com a lembrança da cal na boca,
Virei do encontro no espelho, com o nada,
Virarei ruas, cidades e ruas sem idade,
Vinhas de religiosas terras, iras e paixões.

Vi os lugares inclinarem-se-me e as estradas,
Vivi as terras, vi estrelas e profanei equívocos,
Nos serões normais, fiquei comigo, e nas paisagens do trigo.
Visto que sonho demais, nunca darei notícias,

Meus passos serão como os deles, lajedos puídos
Mas o meu coração estará descalço, longe,
Ainda que perto, das coisas simples, formais,
Fugindo de um corpo encantado.

A chave do dia será o pensamento,
A volúpia do singelo e o variável,
O sobressalto da escada, sem corrimão,
-Vi uma dessas em parte alguma, na lua

E na soma dos instantes, do passo lento
E o longe simulará o perto ou a aparência, o incerto.
-Nunca mais voltarei a rasgar desesperos
E a fingir que atravessei continentes…

Joel Matos (12/2013)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Monday, March 5, 2018 - 10:22

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 8 weeks 4 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comments

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

Vi os lugares

Vi os lugares inclinarem-se-me e as estradas,
Vivi as terras, vi estrelas

Joel's picture

Vi os lugares

Vi os lugares inclinarem-se-me e as estradas,
Vivi as terras, vi estrelas

Joel's picture

Vi os lugares

Vi os lugares inclinarem-se-me e as estradas,
Vivi as terras, vi estrelas

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/General Venho assolado p'lo vento Sul 0 2.033 11/13/2013 - 13:22 Portuguese
Poesia/General Ainda hei-de partir por esse mundo fora montado na alma d'algum estivador 0 1.054 11/13/2013 - 13:21 Portuguese
Poesia/General Pressagio 0 2.768 11/12/2013 - 16:27 Portuguese
Poesia/General Dai-me esperança 0 2.835 11/12/2013 - 16:26 Portuguese
Poesia/General Quando eu morrer actor 0 1.197 11/12/2013 - 16:25 Portuguese
Poesia/General Meca e eu 0 876 11/08/2013 - 11:08 Portuguese
Poesia/General Quem 0 1.619 11/08/2013 - 11:07 Portuguese
Poesia/General houve tempos 0 1.715 11/08/2013 - 11:05 Portuguese
Prosas/Others GR 11 (14 dias) correndo de Irun a Cap de Creus 0 2.177 11/07/2013 - 16:37 Portuguese
Prosas/Others O regressO 1 2.714 11/07/2013 - 16:34 Portuguese
Prosas/Others Mad'in China 0 2.180 11/07/2013 - 16:31 Portuguese
Poesia/General Tenho escrito demasiado em horas postas 2 1.958 11/07/2013 - 12:59 Portuguese
Poesia/General Vivesse eu... 0 2.604 11/07/2013 - 12:31 Portuguese
Poesia/General Na cidade fantasma... 0 656 11/07/2013 - 12:30 Portuguese
Poesia/General Pudesse eu 0 1.087 11/07/2013 - 12:29 Portuguese
Poesia/General Quando eu morrer actor 0 750 02/16/2013 - 23:02 Portuguese
Poesia/General O que é emoção e o que não o é... 0 1.308 02/16/2013 - 23:01 Portuguese
Poesia/General Sombras no nevoeiro 0 1.820 02/16/2013 - 22:59 Portuguese
Poesia/General o dia em que o eu me largou 2 1.297 12/30/2011 - 13:24 Portuguese
Poesia/General ciclo encerrado 0 1.720 03/11/2011 - 23:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General gosto 0 1.949 03/02/2011 - 16:29 Portuguese
Poesia/General A raiz do nada 0 1.055 02/03/2011 - 21:23 Portuguese
Poesia/General Tão íntimo como beber 1 957 02/01/2011 - 23:07 Portuguese
Poesia/General Gosto de coisas, poucas 0 1.449 01/28/2011 - 18:02 Portuguese
Poesia/General Luto 1 1.850 01/15/2011 - 21:33 Portuguese