Uma grande serpente segue engolindo o horizonte
Aqui neste silêncio do amanhecer
Palavras escritas fluem pelas veias
Como essência de vida que incomodam
Mentes medíocres que insistem em permanecer à minha volta
Quando desejo libertar-me de toda essa angústia
Que corrói o intelecto.
Escrevo porque preciso ver o desmascaramento da pólis
Revelar o mais sórdido conselho
Realizado às espreitas nos grandes salões
Com as figuras mais emblemáticas
Que acreditam piamente serem donos de tudo isso.
O entorpecimento enfumaçado da poluição da cidade
Deturpam os mais sensíveis olhares
Que realmente poderiam enxergar os acontecimentos
E são impedidos pela fúria incontrolável
Dos trogloditas de plantão abraçados a sua inércia corriqueira
Impedindo quem quer que seja que deseja alcançar o sucesso.
Uma grande serpente
Segue engolindo o horizonte diante de nossos olhos
Destruindo os sonhos até então possíveis de realização
Mas que são varridos para baixo dos tapetes
Escondidos a meia boca pelos salafrários
Que só desejam a destruição da moral.
Fantasmas pelos becos sórdidos da metrópole
Espreitam as pobres vítimas indefesas
Que buscam auxílio pelas madrugadas
Esperando que coisas boas possam acontecer
E sabemos que nada pode mudar esse caos fantasmagórico.
Procuro a fé dentro das extinções das crenças
Para que veja esperança na humanidade que ai caminha
E não se pode encontrar nada disso em seus passos
Que são trôpegos como dos ébrios que cambaleiam nas calçadas
Dando a impressão de que o mundo está pendido
Ora para um lado, ora para outro.
Quando sozinho posso encontrar-me a mim mesmo
E pensar que tudo isso não passa de uma agonia inválida
Que só eu mesmo posso sentir e nada fazer a respeito
Porque está dentro de mim e a maioria das pessoas
Seguem suas vidas normais nesse mundo perfeito para elas.
E estas são palavras testamentárias na boca de um solitário
Palavras que transcrevo no silêncio do amanhecer
Registro de uma inquietação que perturba minha mente
Por achar que poderia ser diferente as ações humanas
Quando se olha para a nossa existência.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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