triangulações dos tempos esféricos

canso-me do esférico
e sento-me num canto
virando páginas dos milenares inexistentes

fumo uma vulva
do incandescente para a cinza
soprando inalados que acidificam
e o clítoris injecta-me
temperos opióides à erecção

o relógio que geme no útero
é sincrónico ao cardíaco lambido
os sumos escorrem-me nos pulmões
e engravido

rebento rebentos
pequenas mãos decepadas
que choramingam
querem dinamitar esféricos

ergo-me vertical
ao círculo
lavo os pés dormentes num bidé de cafeína
retempero

nomeio-me inominável
porque estou
e vou estando
o nada nada precisa para me nomear
e do esférico espero
desesperando pelo cansaço

mas explodem dinamites
cantando cânticos do canto
triangulam-se

canso-me do triângulo
e deito-me numa cama redonda
virando páginas dos milenares inexistentes

© Bruno Miguel Resende

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Monday, October 12, 2009 - 09:31

Poesia :

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BMResende

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Comments

jopeman's picture

Re: triangulações dos tempos esféricos

É sempre um prazer poder ler-te
Inconfundível...
Abraço

BMResende's picture

Re: triangulações dos tempos esféricos

Obrigado pelo comentário jopeman, e pela inconfundibilidade, é um desejo que muito prezo na individualidade humana, os indivíduos que se confundem entre si serão realmente?

Abraço!

NelsondePaula's picture

Re: triangulações dos tempos esféricos

Excelentes figurações, dando um clima muito bom.

BMResende's picture

Re: triangulações dos tempos esféricos

Obrigado pelas palavras NelsondePaula, e as figurações geométricas polidas na geodesia poética podem potenciar climas interessantes.

Abraço!

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