DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
Pensei como se estivesse no inferno mesmo.
Inferno dos poetas.
Certa vez pensei nele,
Como já pensei no inferno dos advogados.
Pobre do poeta no inferno.
Sem fogaréu, sem frio intenso...
Somente uma garfada do demo:
Inspiração, muita inspiração, a melhor de todas.
E nenhum lápis, caneta, papel, laptop, carvão,
Giz de cera ou lápis de cor.
Nem sangue poderia verter para obter a tinta.
E, séculos após, um mar de canetas e papel,
Tanto que te afoga. Salas de informática,
Inteiras, pra ti. Escreva a vontade.
E, sumiu-te a inspiração.
Como amnésia temporária “definitiva”.
É tudo branco, nada, nenhuma palavra,
Somente uma chama que não se consegue expressar.
E séculos se passam.
Volta a inspiração, e junto a ela,
Papel, caneta, laptop,
Tudo que quiseres, escreva a vontade.
Mas, ninguém para ler.
(...) Tudo bem.
Séculos depois, eis que surgem os leitores.
Críticos “cítricos” ferozes, velozes na leitura,
Ácidos nos comentários. Choro desmedido.
E o tempo persiste em passar.
Agora, não há inspiração, nem papel e caneta.
Os escritos antigos se perderam,
Assim como as Lembranças e as emoções.
Só restou uma fraca chama, uma centelha,
Que ainda brilha e acende algum lampejo.
Mas logo se’svai também.
E nada mais existe, nem sentimento, nem poesia.
E revira-se em agonia delirante,
No frio e no calor que atacam.
Sufoca-te uma ânsia que não consegue expressar,
Não pode lembrar, nem sentir, não respira, agoniza...
E convulsiona na falta de ar em angústia que não para,
Não pode morrer, e agoniza eternamente...
Espero que o inferno não seja assim, pois não sei se sou um "bom menino".
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Comments
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
Caro Betofelix,
realmente, quando não há meios de expressão, o poeta vive em si um inferno.
Um bocado de pensamentos difusos ao despertar, outro bocado nas pausas do dia e na insônia bem vivida... Como dizem, "cabeça vazia, oficina do diabo" entretanto, a cabeça do poeta é vazia de realizações que, simplesmente são: sangue vertido em tinta, caneta e papel. Nesses tempos: laptops e computadores em geral, acompanhados de internet.
Vivemos um inferno que são infernos. Ouvi dizerem: "eternidade é o tempo que se vive."
Vivemos nosso inferno "eternamente", na agonia de um socorro, que pode ser chamado até de "paraíso".
Grande texto (outro mais)!
Abraços, Robson!
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
«Inspiração, muita inspiração, a melhor de todas.»
Sem dúvida, este poema é uma grande inspiração sua, seja no inferno ou no céu, será sempre a melhor de todas.
Gosto muito da maneira como escreve e da sua maneira de sentir.Inspiração de um grande poeta.
Um abraço.
Vitor.
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
Realmente.
Muito infernal.
Para mim o inferno seriam as emoçôes mornas.
Um conforto afetivo bem medido entre insatisfação e sobrevivência. Uma grande apatia emocional onde nada encanta nem faz sofrer. Uma vida normal.
Mas ter inspiração e não ter como registrar é horrível, as vezes para o carro à estrada para escrever.Já me ocorreu de não ter nada, escrevi com lápis de pintar olho.
Grande abraço.
Diferente do teu habitual na mesma lúgubre intensidade. Interessante.
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
Nem sangue poderia verter para obter a tinta.
Mas verteste aqui um poema excelente!!!
Uma boa participação no desafio, adorei ler este inferno com garfadas de génio!!!
:-)
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
Ola Beto queria pedir-lhe por favor para postar o link deset seu poema no Forum no desfio poetico, Obrigada!
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
"Inspiração, muita inspiração, a melhor de todas.
E nenhum lápis, caneta, papel, laptop, carvão,
Giz de cera ou lápis de cor.
Nem sangue poderia verter para obter a tinta."
Surpreendentemente perturbador!
Fantastico de tão tenebroso!
Adorei!
Beijinho em si!
Inês dunas
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
"Inspiração, muita inspiração, a melhor de todas.
E nenhum lápis, caneta, papel, laptop, carvão,
Giz de cera ou lápis de cor.
Nem sangue poderia verter para obter a tinta."
Re: DESAFIO POÉTICO – INFERNO DOS POETAS (O INFERNO LITERAL)
que nunca lhe falte a inspiração e os seus materiais de apoio
xoxo