PALAVRA
-Minhas palavras exprimem meus sentimentos
Escrevo intuitivamente sobre fatos aleatórios
-A poesia modela, dá formas e movimentos.
Unindo letras tortas eu formo laboratórios
-Resumindo fórmulas que compõe experimentos
Separo, catalogo e guardo em reservatórios.
-Injetando nas veias em fases de crescimentos
Elementos novos serão registrados em cartórios
-Não são meras receitas vindas do pensamento
Invadirão as páginas dos livros nos escritórios
-Acolherão minhas alegrias e meus sofrimentos.
-Com as minhas palavras posso ferir e elogiar
Mas o ferimento cicatriza e o elogio permanece
-O objetivo não é com as asperezas me acostumar
À medida que se acostuma o homem esquece
-Levanta abra a cortina para o raio solar
Seus raios reluzentes a nossa alma aquece
-A poesia cura se em doses homeopáticas administrar
Na praia poluída a contaminação entristece
-Sala com ar condicionado para o ar puro entrar
A tecnologia, suas amenidades nos oferece.
-Acostumados a ela um alto preço vamos pagar
O sabor artificial é o que mais nos apetece
-Nos modismos que insistem em nos distanciar
Diante da contemporaneidade a humanidade adoece
-Triste destino dos recursos que irão se esgotar
E indiferente, a ganância dos dominadores cresce.
-Invadindo nossa privacidade nos fazem acreditar
Verdades e mentiras, e a aranha a sua teia tece.
Inspirada, encontra a matéria prima que vai precisar.
A palavra é assim: ela vai e vem ela sobe e desce.
(Acróstico dedicado à grande poetiza Marina Colasanti.)
[center]“A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.”
(Marina Colasanti)
Texto extraído do livro "Eu sei, mas não devia"
[/center]
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Comments
Re: PALAVRA
LINDA HOMENAGEM A ESCRITORA MARINA COLASANTI!
“A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.”
(Marina Colasanti
Lindas palavras de seu poema, mas lindas palavras também aqui de Marina! Quando fumamos como fazemos mal aos que nos circundam no convívio diário; depois que o deixamos, ai, notamos o quanto fazemos mal aos outros sem sabermos!
Meus parabéns, uma beleza de matéria!
Marne
Re: PALAVRA
Palavras escritas com alma, mais uma bela dedicatória da sua parte!!!
:-)