A Indigestão de Cronos
E restaram apenas as larvas funcionais
Que monitoram a dor daquele trauma,
A inaptidão vazada transforma a calma
Em feições túrgidas corrompidamente espectrais,
Para o futuro que amanhece desperdiçado,
Um sorriso com ar de atraso em expansão,
Escondendo do torpor o escarro embalsamado,
As minhas catacumbas não escapam da condenação;
O verso concatenado entre a obscura vontade
E o peso incólume do que chamo de distância,
Assim, encontro-me atônito frente à hiância,
Frente ao estrago rente que produz saudade,
E com discreta verossimilhança eu me apago,
- O traço recombinante não mais conforta,
A maldita dicção da vida tem olhar gago
À inflexão recorrente que culmina e exorta,
Um punhado de sonhos desmembrados em melodia,
Colhidos no Hades, entre o castigo de Tântalo,
A morte dança tácita, exalando o sândalo,
De Perséfone que chora lágrimas de afasia,
Todavia, o meu caminho é apenas sanguinolento,
Entre corvos e corpos fálicos e sem plenitude,
Meu Orfeu é rouco, vazio e sem intento...
Segue enforcado decifrando o que não pude.
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Comments
Re: A Indigestão de Cronos
Este é um dos tipos de poemas que me cativam...
"Segue enforcado decifrando o que não pude" dos signos que alinhaste no teu Cronos, aventurada nas reentrâncias culturais, despojada de alguns códigos ventrais. Leio...mas quanto persigo que não li...e fica por aqui. Para revisitar noutro ler incompleto.
:-)
Re: A Indigestão de Cronos
Para o futuro que amanhece desperdiçado,
Um sorriso com ar de atraso em expansão,
Escondendo do torpor o escarro embalsamado,
As minhas catacumbas não escapam da condenação...
Gosto muito deste estilo poético e tu és fantástico a construí-lo!!!
:-)
Re: A Indigestão de Cronos
"A morte dança tácita, exalando o sândalo,
De Perséfone que chora lágrimas de afasia"
Gosto de todo o poema. Imagino-te, observando os criados mesudaros festins (os teus poemas), num fálico envolver de melancolismo, dor e misticismo!
E uma pitada de altivez, sem exagerar.
Muito bom! malentacchi, gosto de como escreves, o teu vocabulário, o teu cohecimento (que demostra muita leitura ou alguém desperto) e o resultado da composição disso tudo.
Um Abraço.
Pedro
Re: A Indigestão de Cronos
ótimo poema! Parabéns!
:-x