Ande depressa *

Trate de arrumar um canto
onde nem o roncar dos deuses
perturbe seu sono oceânico.

Rasgue estas fantasias de encanto,
falhas como o mecanismo divino,
e perturbe o sono do rei de lata.

Arruíne em pedaços o amor-desencanto
que lhe faz triste
e crente no quem-sabe.

Desarrume a cama
e o quarto do rei de lata
e deite-se sobre as almofadas de sonho.

Trate de arrumar depressa um canto
onde nem o farejar dos cães reais
achem o seu respirar úmido em lágrima e sangue.

* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.

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Sunday, September 19, 2010 - 00:33

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AjAraujo

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Rasgue estas fantasias de encanto,
falhas como o mecanismo divino,
e perturbe o sono do rei de lata.

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