A casa da frente
Não vivia por algo que não fosse aquela sua teimosia, teimando que não podia abandoxnar esta terra de desenganos…
Nos ultimos dias o son do piano era a sua única companhia, e o tecto o único que a olhava nos olhos, as vezes parecia-lhe ouvir passos lentos lentos perto da porta, um desejo surdo aos deuses de companhia, nada, só mais uma vil mentira, da qual o riso a defendia, quando em noites despertas se recordava dessas sinceras ilusões.
Nada mais…
Descalça, descalça no chão, gostava de sentir o inverno nos pes, isso fazia-a sentir, não importa nem que nem porque, simplesmente sentir…E seguia o som da lenta dança de dedos sobre o piano, como fumo de incensarios invisiveis movidos sigilosamente por invisiveis querubins… as vezes sobre o cobertor da cama, qual pianista consagrada, tambem ela deixava os dedos dançarem sonhando ser música que só ela ouvia…
Semdpre a conheci assim do outro lado de uma janela indiscreta, nunca preguntei seu nome, nunca quis saber mais, sobre a solitária menina de porcelana da china, rainha e senhora do quarto com janelões do outro lado da rua…
As vezes penso, pensará ela em mim, será que alguma vez já cruzou o seu olhar ao meu, sem que por isso eu desse, sem eu reparar que tal aconteceu… será que também me imagina ela na rotina aqui, debaixo do céu…
Sempre a conheci só, emoldurada nos rudes janelões da casa da frente, casa rica, Venús à porta, numa marmoreada fonte, rosas bravaspor toda a cerca, alegria da rua nas fugazes tardes de inverno em que no quarto da bonequinha a lareira, timida, brilha… Uns dizem que não chegará ao verão, outros que conhecerá o inverno em que a neve seja morna sobre as roseiras bravas da cerca, e eu, eu desejo que viva que viva para me ver amanhecer muitas manhãs…
Este quarto de hospital frio há muito que me levou a alma, lavando-a de todas as alegrias, tornando-me esteril a cada segundo, frio, sem sentimentos, no quarto não a risos, nem a música do piano,à gente, gente essa sim que entra e sai com a mesma indiferença de um ar que corre, e à Ela, ela, do outro lado da rua…
Anjo alvo no quarto das janelas, na casa das rosas bravas, do outro lado da rua…
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Comments
Re: A casa da frente
Texto bem escrito em dom da palavra!
:-)
Re: A casa da frente
belissimo!