Reflexões sobre a existência
A liberdade provoca angústia, e cinge o coração do humano. A angústia instala-se, e tudo se torna negro e cercado de muros intransponíveis. O homem, como ser de possibilidades, angustia-se com o seu vir a ser, e não admite o que é, e deseja ser o que não é, mas tem medo de deixar o que é para tornar-se o que deseja ser.
A felicidade plena, não existe. A felicidade plena é uma utopia, uma doce quimera que leva o homem ao delírio. A felicidade é um alimento para as mais belas fantasias, e todos a buscam incessantemente. O que podemos fazer é fazer nosso fazer o melhor possível, para tentarmos viver da forma mais digna e humana possível.
O amor, uma relação entre duas existências que existem no mundo. Não é possível haver amor entre um ser no mundo e um ser que não está no mundo. O que existe é uma vontade de ter-mos ao nosso lado um ser que não existe, ou seja, uma vontade de receber os benefícios de um ser que não existe — ou não mais existe. — como um ser concreto.
A morte, não é uma possibilidade, é o algo mais concreto existente no mundo. A morte é o fim, a não existência da vida, o desligamento do ser de suas possibilidades, o desligamento da condição de ser no mundo. Um dia ela vem, apesar de ser alcançada, também, voluntariamente. Quando é voluntária, pode ser encarada como uma possibilidade; uma possibilidade de não ser.
Ser humano dói; ser humano machuca. A condição de ser um ser que existe é por demais arriscada, muitas vezes bastante funesta... e bela ao mesmo tempo. Temos liberdade, e podemos escolher entre viver e morrer (voluntariamente), e essa liberdade é angustiante; mas necessária. Morrer é extinguir as possibilidades (pela extinção do ser), e viver é tentar realizar o melhor possível essas possibilidades.
Morrer seria a solução? Impossível responder. A morte foge ao nosso plano de conhecimento, é um terreno insondável, e o que existe além — se é que existe alguma coisa. — pode ser ainda mais doloroso que o que existe aqui. A transcendência da alma para o além vida, é uma possibilidade impossível —pensando em termos lógicos e humanos. Não obstante, podemos sim pensar nessa transcendência, e caso pensemos com esmero, podemos imaginar diversas possibilidades funestas — e outras tantas melhores que as que existem em vida. Assim, continuar vivendo, ou morrer voluntariamente, são coisas que podemos escolher, mas não temos como escapar da angústia de escolher uma ou outra.
Eis o resultado de ser um ser humano.
Anderson C. Costa
19/09/2008
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Comments
Re: Reflexões sobre a existência
Texto bem escrito, bem enquadrado no tema!
:-)