Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
MANIQUEÍSMO – do grego antigo “MANICHAIOS”, “MANIQUEU”, do persa “MANES”.
Geralmente essa Corrente Teológica e Filosófica (fundada por MANES no século III dC.), é considerada apenas uma Seita de menor importância. Todavia, é uma visão errada, pois dessa Religião vários fundamentos serviram de base para outras Correntes Filosóficas e/ou Teológicas e também pelo fato de ter abrigado em suas fileiras Pensadores notáveis, dentre os quais Santo Agostinho (354/430 atual Argélia), que só posteriormente a trocou pelo Cristianismo.
O maniqueísmo teve grande importância, ainda que indireta, na aproximação da China com o Ocidente, para onde seu viés teórico apontava. Lá era chamada de “Religião da Luz” e nos primeiros anos da Dinastia “TANG”, por volta de 694 dC., sua prática foi legalizada e seus Sacerdotes tiveram destaque por terem levado para o Império Chinês a noção da “Semana de sete dias”, associada ao Sol e à Lua, a existência de cinco Planetas (que eram os conhecidos na época), além de influentes ensinamentos nas áreas de Astrologia e Astronomia. Porém, o Maniqueísmo e outras tendências, foram sufocadas em meados de 840 dC. com a tomada do Poder pelos Mongóis. Além da China, a Doutrina também se expandiu pelo Império Romano e pelo Ocidente cristão.
O Maniqueísmo é um credo gnóstico (que associa a fé com o Conhecimento) e dualista; isto é, prega a existência de dois Poderes que disputam o Governo do Universo, sendo AHURA MAZDA o BEM, enquanto que o MAL é representado por ANGRA MAINYU, ou AHRIMAN, nome persa, que é mais difundido.
O Maniqueísmo combina crenças e teses doutras Religiões, tais como o Zoroastrismo* (que por sua vez, deriva diretamente do Hinduísmo*) e mais algumas crenças e filosofias do Oriente. E, segundo alguns, até do Cristianismo, embora a maioria dos eruditos creia justamente no inverso. Para eles, foi a Religião dos Cristãos que bebeu fartamente da fonte Maniqueísta, conservando inclusiva a “disputa maior” entre BEM x Mal, ou Deus X Diabo.
A principal característica dos Maniqueístas é a dualidade. Viu-se, anteriormente, a dualidade entre os deuses do Bem e do Mal e desse conceito nasceram as outras duplicidades como: luz X sombra; guerra X paz etc. São duplicidades eternas e em perpétuo confronto, as quais, colateralmente, acabaram produzindo um efeito nefasto para a Religião, conforme se verá na seqüência.
Como já se mencionou, é quase unânime a idéia de que o Maniqueísmo teve forte influência no Cristianismo, onde, porém, encontrou forte resistência de alguns, como Santo Agostinho que em sua obra “Confissões” dedica-se à larga em se penitenciar pelo “pecado” de lhe ter sido adepto.
E talvez venha daí, o sentido pejorativo que o termo tem na atualidade. É, pois, usado em sentido negativo representando a mediocridade contida na “visão maniqueísta” que só consegue enxergar dois aspectos de um fato, de um SER, de um objeto etc. Escapa ao Maniqueísta os outros prismas que mostram a diversidade que existem nas Coisas e nos SERES, quando são vistos, ou imaginados, em sua totalidade.
Para quase todos seus críticos, a doutrina não passa de uma aprovação ou de uma oposição simplista, até ingênua, de pessoas de cultura bem modesta; as quais, não por acaso, são também aquelas de menor poder aquisitivo que mourejam apenas em troca da pura subsistência e que, dóceis por serem ignaras, deixam-se conduzir por pessoas má intencionadas que lhes inculcam essas simplificações.
O fato de desconsiderar que existe maior profundidade em tudo e que os próprios Conceitos de Bom e Mal são relativos e mutáveis indicam a indigência intelectual que acompanharia os Maniqueístas que, na atualidade, experimentam novo florescimento em decorrência da pobreza intelectual que domina a cena, substituindo Cultura por entretenimento.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 2475 reads
other contents of fabiovillela
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | A Dor | 0 | 1.833 | 12/11/2015 - 13:27 | Portuguese | |
Poesia/General | Quem dera | 0 | 2.714 | 12/08/2015 - 18:30 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Gueixa | 0 | 1.919 | 11/25/2015 - 13:49 | Portuguese | |
Prosas/Others | Kant e o Idealismo alemão | 0 | 9.188 | 11/21/2015 - 20:44 | Portuguese | |
Poesia/General | Vidas | 0 | 2.215 | 11/08/2015 - 13:57 | Portuguese | |
Poesia/Love | Tempos | 0 | 680 | 11/07/2015 - 13:21 | Portuguese | |
Poesia/General | Nihil | 0 | 1.526 | 11/05/2015 - 13:43 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Moça e o Luar | 0 | 2.282 | 11/02/2015 - 14:05 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | A Atriz | 0 | 2.097 | 10/24/2015 - 12:37 | Portuguese | |
Prosas/Others | Lula, Dilma, Cunha e a "Banalidade do Mal" | 0 | 3.834 | 10/21/2015 - 23:32 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Mestres | 0 | 2.193 | 10/15/2015 - 13:24 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | As Cores de Frida | 0 | 2.120 | 10/12/2015 - 15:24 | Portuguese | |
Poesia/Love | Crepúsculo | 0 | 2.316 | 10/08/2015 - 14:23 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Inquietude | 0 | 3.053 | 09/20/2015 - 15:44 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | A Canção de Budapeste | 0 | 3.242 | 09/18/2015 - 14:13 | Portuguese | |
Prosas/Others | AS BODAS DE FÍGARO - Óperas, guia para iniciantes. | 0 | 3.713 | 09/18/2015 - 00:10 | Portuguese | |
Poesia/General | Húngara | 0 | 1.733 | 09/12/2015 - 16:07 | Portuguese | |
Prosas/Others | ORLANDO FURIOSO, Vivaldi - Óperas, guia para iniciantes | 0 | 2.231 | 09/10/2015 - 20:39 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | O Menino Morto | 0 | 1.619 | 09/03/2015 - 14:23 | Portuguese | |
Prosas/Others | FIDÉLIO, Beethoven - Óperas, guia para iniciantes | 0 | 2.918 | 09/03/2015 - 13:36 | Portuguese | |
Prosas/Others | DR. FAUSTO, Gounod - Óperas, guia para iniciantes | 0 | 2.792 | 09/01/2015 - 13:37 | Portuguese | |
Prosas/Others | NORMA, Bellini - Óperas, guia para iniciantes | 0 | 3.364 | 08/27/2015 - 20:27 | Portuguese | |
Prosas/Others | OTELO, Verdi - Óperas, guia para iniciantes. | 0 | 3.016 | 08/24/2015 - 20:14 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A Canção de Roma | 0 | 2.488 | 08/23/2015 - 16:37 | Portuguese | |
Prosas/Others | TURANDOT, Puccini - Óperas, guia para iniciantes | 0 | 2.429 | 08/20/2015 - 23:43 | Portuguese |
Add comment