Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio
MOLINISMO – embora seja essencialmente teológica, a Doutrina elaborada por LUIS de MOLINA (1535/1600, Espanha) será brevemente mencionada nesse Dicionário de Filosofia em razão da abordagem que faz sobre o comportamento humano; pois embora não seja original nesse quesito, reafirma a tese da “Graça Divina” defendida por Santo Agostinho e dá um pequeno vislumbre sobre as “Circunstâncias” da vida a limitar o Homem, conforme teorizou ORTEGA y GASSET, na Espanha do século XX. Para o padre jesuíta MOLINA, as intenções e as ações dos Homens seguem um roteiro pré estabelecido por Deus, que o torna mais ou menos suave de acordo com os méritos da pessoa. Porém, essas virtudes não são o produto do esforço individual, mas também dádivas que Deus oferta a quem escolher; e, claro, já são de seu conhecimento antes que o Individuo pratique ou não as boas ou as más ações.
Pelo conjunto exposto acima, é óbvio que para MOLINA não existe qualquer liberdade para o Ser Humano, cujo destino já está traçado. E, mesmo assim, o teólogo insiste na necessidade do Homem exercer os bons atos e costumes. Conclui-se de tal arenga que não há qualquer racionalidade na vida humana, pois se tudo já está pré-definido por que esforçar-se para ser virtuoso? Aliás, por que viver?
O óbvio, contudo, perde um pouco de sua significação se tal Doutrina for olhada dentro dos períodos históricos em que foi criada, quando a “Onipotência Divina” sequer era questionada. Era uma “Verdade” que se concordava tácita ou explicitamente, bem como sobre a condição do Homem ser a de mero fantoche. Outro ponto a quebrar a obviedade que naturalmente a questão enseja, refere-se ao “Império das Circunstâncias”, quer sejam de ordem material, ou de ordem sentimental ou de ordem intelectual. Em qualquer uma dessas categorias, todos os indivíduos se encaixam e alguns em mais de uma. Logo, revendo-se a questão, conclui-se que, de fato, a conjunção de circunstâncias alheias à vontade do individuo bloqueia-lhe o caminho para a liberdade e se ele exerce o “livre arbítrio” é de modo parcial, ou superficial e fantasioso. Essa é a condição humana que o filósofo GASSET, supra citado, definiu com exatidão quando disse: “sou eu e as minhas circunstâncias”.
Vale, pois, refletir se na tese de Santo Agostinho e depois na de Molina não estaria embutida, disfarçadamente, essa constatação da falta de liberdade humana; a qual, além de suas cadeias naturais, nas épocas em que viveram os filósofos também era cerceada pela severa imposição dos dogmas Católicos. É o oficio do filósofo. Rejeitar os pré-julgamentos e tentar abarcar intenções que foram ocultadas por motivos vários.
Por fim, registre-se que os MOLINISTAS foram adversários dos adeptos do JANSENISMO* nos debates, ou querelas, que versavam sobre o “livre-arbítrio” e a “Graça (ou os favores) Divina”.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 3176 reads
other contents of fabiovillela
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Sadness | A Canção de Alepo | 0 | 8.136 | 10/01/2016 - 22:17 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Nada | 0 | 6.760 | 07/07/2016 - 16:34 | Portuguese | |
Poesia/Love | As Manhãs | 0 | 6.744 | 07/02/2016 - 14:49 | Portuguese | |
Poesia/General | A Ave de Arribação | 0 | 6.916 | 06/20/2016 - 18:10 | Portuguese | |
Poesia/Love | BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE | 0 | 8.690 | 06/06/2016 - 19:30 | Portuguese | |
Prosas/Others | A Dialética | 0 | 12.460 | 04/19/2016 - 21:44 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | OS FINS | 0 | 7.494 | 04/17/2016 - 12:28 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O Camareiro | 0 | 9.578 | 03/16/2016 - 22:28 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Fim | 1 | 6.941 | 03/04/2016 - 22:54 | Portuguese | |
Poesia/Love | Rio, de 451 Janeiros | 1 | 11.708 | 03/04/2016 - 22:19 | Portuguese | |
Prosas/Others | Rostos e Livros | 0 | 10.543 | 02/18/2016 - 20:14 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Nova Enseada | 0 | 6.958 | 02/17/2016 - 15:52 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Voo de Papillon | 0 | 6.255 | 02/02/2016 - 18:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O Avião | 0 | 7.160 | 01/24/2016 - 16:25 | Portuguese | |
Poesia/Love | Amores e Realejos | 0 | 8.601 | 01/23/2016 - 16:38 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Os Lusos Poetas | 0 | 6.983 | 01/17/2016 - 21:16 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Voo | 0 | 6.724 | 01/08/2016 - 18:53 | Portuguese | |
Prosas/Others | Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico | 0 | 12.060 | 01/07/2016 - 20:31 | Portuguese | |
Poesia/Love | Revellion em Copacabana | 0 | 6.257 | 12/31/2015 - 15:19 | Portuguese | |
Poesia/General | Porque é Natal, sejamos Quixotes | 0 | 8.133 | 12/23/2015 - 18:07 | Portuguese | |
Poesia/General | A Cena | 0 | 7.676 | 12/21/2015 - 13:55 | Portuguese | |
Prosas/Others | Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. | 0 | 11.476 | 12/20/2015 - 19:17 | Portuguese | |
Poesia/Love | Os Vazios | 0 | 10.465 | 12/18/2015 - 20:59 | Portuguese | |
Prosas/Others | O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. | 0 | 9.570 | 12/15/2015 - 14:59 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Hora | 0 | 10.107 | 12/12/2015 - 16:54 | Portuguese |
Add comment