Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio
SENSUALISMO, SENSAÇÃO e SENSIBILIDADE – do Latim Medieval “SENSATIO”.
SENSAÇÃO – a impressão formada a partir dos dados, dos fatos, das Coisas, do Seres que foram percebidos, ou captados, pelos Sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). É uma primitiva, parcial e duvidosa forma de Conhecimento, haja vista que os dados captados não foram comparados com Experiências anteriores e tampouco foram organizados pelo Raciocínio ou Razão. Como cada SER tem uma visão diferente sobre cada Coisa, pode-se afirmar que a Sensação é subjetiva (ou individual) e interna; isto é, “está” na Mente dos Seres. Tome-se o seguinte exemplo: a “sensação de frio” de cada SER é diferente da dos outros Seres, ainda que possam ser similares. Alguns sentem mais, outros menos conforme suas características individuais e independentemente de qual seja a real temperatura do ambiente.
No terreno da Filosofia e no campo do Empirismo* a “Sensação” tem papel de destaque, sendo considerada fundamental para a aquisição de Conhecimento. É ela que “recepciona” em “primeira mão” os dados captados pelos Sentidos.
Kant (1724/1804, Alemanha) usa o termo “Sensação” como nome do Processo de modificações que ocorrem na Mente de cada Ser quando lhe é mostrado algum fato, algum objeto. Ante a presença de qualquer Coisa que “está fora” do Homem a mente Humana se “ajeita” para receber os dados referentes àquela Coisa e que foram captados pelos Sentidos.
SENSIBILIDADE – do Latim vulgar “SENSIBILITAS”. Em termos gerais é a capacidade, ou a faculdade, de sentir algo. De receber através dos Sentidos as impressões causadas pelos Objetos externos; isto é, que estão “fora” do Individuo. Com esse termo também se alude a uma qualidade do Individuo, que será “Sensível” se a sua Sensibilidade for alta ou abrangente. Se tiver grande capacidade de perceber, de sentir, de ter sentimentos, empatia. Claro que “Insensível” é o oposto desse Individuo e é uma característica associada à rudeza, à brutalidade nas maneiras de sentir e de agir.
Em termos Filosóficos observa-se que Kant utiliza-o de modo largo. Primeiramente deu-lhe igualdade (identidade, de idêntico) com o Conceito de “Condição Indispensável” para aquisição de Conhecimento. Por isso, é que chamou as noções de “Tempo e de Espaço” de “Formas Puras da Sensibilidade”; ou seja, o Homem possui desde que nasce e sem a necessidade de qualquer experimentação, a capacidade de saber (de intuir) que tudo que acontece, acontece em certo Tempo e em determinado Espaço. Essa “Sensibilidade” não precisa, pois, ser despertada por nenhum estímulo, por nenhum objeto. Como se disse, ela existe naturalmente no Homem e é por sua causa que as outras impressões podem ser captadas pelos Sentidos. Imagine-se se ela não existisse como poderia o cérebro, ou a Razão, organizar os dados que chegam através dos Sentidos? Aliás, não é tão difícil de imaginar, basta observar as pessoas com patologias mentais, como o Alzheimer, cuja noção de Tempo inexiste. Tudo que lhes chega vaga em sua Mente sem qualquer organização e sem qualquer utilidade.
Em outro significado, ainda conforme Kant, Sensibilidade é a “Receptividade da Consciência”; isto é, a capacidade humana (de outros animais ainda não há um consenso) de formar Imagens Mentais, ou Representações, daquilo que afetou (ou que foi captado) a Sensibilidade do Homem. Tais imagens formam a “matéria” daquilo que chegou dividido à Mente, que, então, dá-lhe um formato definido ou único.
SENSUALISMO – em sentido vulgar e atual é o rotulo dado a certa característica sexual, indicando maior ou menor capacidade de estimular a libido. Sensual, pois, é aquilo que desperta o desejo, ou que está relacionado com a sexualidade.
No campo da Filosofia “Sensualismo” é associado, sobretudo, à Doutrina de CONDILLAC (1715/1780, França) intitulada de “Sensação Transformada”. Segundo essa Doutrina, de clara tendência empírica (ver Empirismo*), a Mente Humana é uma “Lousa em Branco” ou uma “Tabula Rasa” que vai sendo preenchida pelas “Sensações” derivadas do que foi captado pelos Sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). É através desse “preenchimento” que as capacidades do Homem afloram; e que acontece a aquisição do Saber possível àquela pessoa.
Nos Sistemas de outros Filósofos, o “Sensualismo” mantém essa associação com o Empirismo* que passa a ser chamado, então, de “Empirismo Radical”, pois se considera que todos os Juízos (ou Julgamentos), Conceitos, Idéias, Noções e todo Conhecimento são, na verdade, frutos das Experiências Empíricas (aquela que consiste na percepção dos dados ou características do objeto estudado, através do que foi captado pelos Sentidos; ie. audição, visão, tato, olfato, paladar), também chamadas de “Experiências Sensoriais”. Os dados captados pelos Sentidos são “transformados” - principalmente no caso de Condillac – ou associados (com outros dados afins), ou abstraídos (transformados em idéias, imagens mentais).
Pelo enaltecimento do papel das “Sensações”, o Sensualismo, enquanto Sistema faz vigorosa oposição ao Racionalismo* ou Intelectualismo* e ao Inatismo*.
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