Vida

Oh! laisse-moi t'aimer pour que j'aime la vie!
Pour ne point au bonheur dire un dernier adieu
Pour ne point blasphémer les biens que l'homme envie
Et pour ne pas douter de Dieu!
ALEXANDRE DUMAS

I

Oh! fala-me de ti! eu quero ouvir-te
Murmurar teu amor...
E nos teus lábios perfumar do peito
Minha pálida flor.

De tua carta nas queridas folhas
Eu sinto-me viver...
E as páginas do amor sobre meu peito

E, quando, à noite, delirante durmo,
Deito-as no peito meu...
Nos delíquios de amor, ó minha amante,
Eu sonho o seio teu...

A alma que as inspirou, que lhes deu vida
E o fogo da paixão...
E derramou as notas doloridas
Do virgem coração!

Eu quero-as no meu peito, como sonho
Teu seio de donzela,
Para sonhar contigo o céu mais puro
E a esperança mais bela!

II

A nós a vida em flor, a doce vida
Recendente de amor,
Cheia de sonhos, d'esperança e beijos
E pálido langor...

A tua alma infantil junto da minha
No fervor do desejo,
Nossos lábios ardentes descorando
Comprimidos num beijo...

E as noites belas de luar e a febre
Da vida juvenil...
E este amor que sonhei, que só me alenta
No teu colo infantil!

Vem comigo ao luar: amemos juntos
Neste vale tranqüilo...
De abertas flores e caídas folhas...
No perfumado asilo.

Aqui somente a rola da floresta
Das sestas ao calor
O tremer sentirá dos longos beijos...
E verá teu palor.

À noite encostarei a minha fronte
No virgem colo teu;
Terei por leito o vale dos amores,
Por tenda o azul do céu!

E terei tua imagem mais formosa
Nas vigílias do val:
— Será da vida meu suave aroma
Teu lírio virginal.

IV

Que importa que o anátema do mundo
Se eleve contra nós,
Se é bela a vida num amor imenso
Na solidão — a sós?

Se nós teremos o cair da tarde
E o frescor da manhã:
E tu és minha mãe e meus amores
E minh'alma de irmã?

Se teremos a sombra onde se esfolham
As flores do retiro...
E a vida além de ti — a vida inglória -
Não me vale um suspiro?

Bate a vida melhor dentro do peito
Do campo na tristeza
E o aroma vital, ali, do seio
Derrama a natureza...

E, aonde as flores no deserto dormem
Com mais viço e frescor,
Abre linda também a flor da vida
Da lua no palor.

Submited by

Tuesday, April 14, 2009 - 00:41

Poesia Consagrada :

No votes yet

AlvaresdeAzevedo

AlvaresdeAzevedo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 14 years 20 weeks ago
Joined: 04/14/2009
Posts:
Points: 303

Add comment

Login to post comments

other contents of AlvaresdeAzevedo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Fotos/Profile Alvares de Azevedo 0 1.960 11/24/2010 - 00:37 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo IV — Gennaro) 0 2.081 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo V — Claudius Hermann) 0 2.553 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo VI — Johann) 0 1.929 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo VII — Último Beijo de Amor) 0 1.518 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Macário - Introdução 0 1.456 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Macário - Primeiro episódio 0 1.226 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Macário - Segundo episódio 0 1.279 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Sombra de D. Juan 0 1.330 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Na várzea 0 1.249 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General O editor 0 1.455 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Oh! Não maldigam! 0 1.736 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Dinheiro 0 1.435 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Adeus, meus sonhos! 0 1.455 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Minha desgraça 0 1.540 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Página rota 0 1.269 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo I — Uma noite do século) 0 1.558 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo II — Solfieri) 0 2.022 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/Tale Noite na Taverna (Capítulo III — Bertram) 0 3.105 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Panteísmo 0 1.146 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Desânimo 0 1.220 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General O lenço dela 0 1.287 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Relógios e beijos 0 1.514 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Namoro a cavalo 0 1.676 11/19/2010 - 16:52 Portuguese
Poesia Consagrada/General Pálida imagem 0 1.328 11/19/2010 - 16:52 Portuguese