Casimiro de Abreu : Juramento

Tu dizes oh Mariquinhas
Que não crês nas juras minhas,
Que nunca cumpridas são!
Mas se eu não te jurei nada,
Como hás de tu, estouvada,
Saber se eu as cumpro ou não?!

Tu dizes que eu sempre minto,
Que protesto o que não sinto,
Que todo o poeta é vário,
Que é borboleta inconstante;
Mas agora, neste instante,
Eu vou provar-te o contrário.

Vem cá, sentada a meu lado
Com esse rosto adorado
Brilhante de sentimento,
Ao colo o braço cingido,
Olhar no meu embebido,
Escuta o meu juramento.

Espera: - inclina essa fronte...
Assim!... - Pareces no monte
Alvo lírio debruçado!
- Agora, se em mim te fias,
Fica séria, não te rias,
O juramento é sagrado.

"- Eu juro sobre estas tranças,
"E pelas chamas que lanças
"Desses teus olhos divinos;
"Eu juro, minha inocente,
"Embalar-te docemente
"Ao som dos mais ternos hinos!

"Pelas ondas, pelas flores,
"Que se estremecem de amores
"Da brisa ao sopro lascivo;
"Eu juro, por minha vida,
"Deitar-me a teus pés, querida,
"Humilde como um cativo!

"Pelos lírios, pelas rosas,
"Pelas estrelas formosas,
"Pelo sol que brilha agora,
"- Eu juro dar-te, Maria,
"Quarenta beijos por dia
"E dez abraços por hora!"

O juramento está feito,
Foi dito co'a mão no peito
Apontando ao coração;
E agora - por vida minha,
Tu verás oh! moreninha,
Tu verás se o cumpro ou não!...

Rio - 1857.

Submited by

Saturday, May 23, 2009 - 23:27

Poesia Consagrada :

No votes yet

CasimirodeAbreu

CasimirodeAbreu's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 32 weeks ago
Joined: 05/23/2009
Posts:
Points: 234

Add comment

Login to post comments

other contents of CasimirodeAbreu

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Fotos/Profile Casimiro de Abreu 0 1.443 11/24/2010 - 00:38 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : *** 0 1.184 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Fragmento 0 1.172 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Anjo! 0 1.270 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Última folha 0 1.034 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Dedicated Casimiro de Abreu : À morte de Affonso de A. Coutinho Nesseder estudante da Escola Central 0 1.319 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Berço e túmulo 0 944 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Infância 0 892 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : A uma platéia 0 1.163 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Sadness Casimiro de Abreu : No túmulo dum menino 0 2.461 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Dedicated Casimiro de Abreu : A J. J. C. Macedo-Júnior 0 1.531 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Uma história 0 1.030 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Dedicated Casimiro de Abreu : No leito 0 1.530 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Pois não é?! 0 884 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Na estrada 0 1.055 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : No jardim 0 1.103 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/Sadness Casimiro de Abreu : Horas tristes 0 2.026 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Dores 0 1.036 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Amor e medo 0 1.089 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Perdão! 0 1.008 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Mocidade 0 1.070 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Noivado 0 956 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : De joelhos 0 1.307 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Três cantos 0 936 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Casimiro de Abreu : Ilusão 0 892 11/19/2010 - 16:54 Portuguese