Verão Cigano

Foi uma manhã linda em suas garoas,
Foi um momento daqueles que não voltam,
Mas que persiste na lembrança em sua proa
Arrebentando o peito que se entrega à toa
Na triste despedida do amanhã.

Inocentemente a acordei do sono
De criança em seus anos de puberdade.
Fomos para a varanda e olhamos o sol morno
Em sua máscara de chuva fina na idade.
São nossas idades de pássaros aprendendo
A voar
Tudo era belo naquele verão cigano...
São nossas idades de jovens aprendendo
A falar.
Fugimos de nossos pais sem engano
Adentrando no meio-dia do verão cigano.

Corríamos de mãos dadas pelo pasto
Sentindo os respingos em nossas pernas
De um sorriso misturado com água no rosto.
Sem saber falar olhei em sua pele externa
Que era a roupa molhada.
Ela sabia falar, por isso tornou-se eterna
Ao olhar nos meus olhos com um brilho exposto.
Sua face na minha face encarnada
Minha face na sua face encarnada.
Nunca me esquecerei daquele verão cigano
Onde encontrei o limiar da paixão na inocência.
Verão cigano, verão cigano, verão cigano...

O encanto acabou quando veio a bonança...
Soltei suas mãos para pegar uma flor,
Fechei meus olhos para sentir o perfume
E, vagarosamente abri-os para dá-la ao meu amor:
Sem esperança, sem esperança, sem esperança...

Ela se foi com a chuva para o cume
Das colinas do outro lado do coração da dor,
Deixando o perfume “do perfume” da flor em minha mão.
Eternamente caminhei cabisbaixo
Sem nunca descobrir o seu nome,
E foi o fim do verão cigano.

Para Ana.

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Wednesday, December 16, 2009 - 23:40

Ministério da Poesia :

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