Procura

Abraça-me.
Que ainda que haja o sabor da derrota,
Haverá o conforto de teus braços.
O enroscar de teu afago,
À hora derradeira do dia.

Tenha-me.
Que a insensatez não me preocupa.
Insensatez deve vir de incenso,
O cheiro doce de tua chegada,
A brisa fresca da madrugada,
O ar que sopra imensidão.

Veja-me.
Que daqui do meu canto, eu te perpasso com meu olho,
Daqui miro teu encanto,
Teu sonho,
E teu oposto…
Meu reflexo, do lado de cá do espelho.

Ama-me.
Muito, mas muito mais que só de beijo.
Ama-me como eu te amo,
Ama-me com o desejo
De nos amar mais.
Que antes de amar a ti
Amaria a nossa dupla,
E a nossa dupla
Seria um ás, no farfalhar das cartas de um baralho.

E o incessante cessará
A morte esperará
E a paz virá trazendo descanso.

Encontra-me.
E seremos nós frutos de um novo ano,
Enquanto caem à nossa volta
Folhas
De um velho calendário.
Involuntário, um bosque cheio de paixões
E um eterno vazio de palavras.
Um copo d’água pra matar a sede,
Um vento fresco pra nos balançar a rede
E o amor,
Uma só palavra:

Plenitude.
 

[yuri emanuel]