POSSESSÕES DE SILÊNCIO

Perplexos degrados contundentes,
descrevem-se urtigas de luar uivante
num caminho de arestas acres.
Eclipses de joelho açoitado
por bocas caladas sobre cearas
infestadas de sexo ejaculado à solidão.
Cardos prenhes de cegueira
sorvem dos olhos emoções sem cais,
mergulhadas num poço de jusantes não.
Psicorefúgios ermos
sustentam abismos de lágrimas destemidas
pelo choro do tempo aperaltado de rios.
Possessões de silêncio
trancam o anteontem absolvido
por vitrinas amaldiçoadas ao nada.
Vozes escalam escarpas
de palavras trilhadas pelo peso da tristeza.
Musas são mordidas
por poemas que embatem flores em grito
de betão humano em santuário claustrofóbico.
Noite fora ralhos de escuro
trepam corpo acima tempestades
soletradas em quatro tábuas.
Efervescências jurássicas
enclausuram o sangue em profecias
de cornos conflituosos.
Serpentes reclamarão seus ninhos
na mão da morte plantada
em curvas de adeus sem retrocesso.
O imaginário é um fruto de ilusões suculentas
numa árvore de sentimento de amor sepultado.
O mar mendiga sonhos
em praias de areia venenosa
onde a alma encalha as suas inquietações.
Madrugadas desenroscam-se
em almofadas de pedra frívola
por ares despenteados dos aromas da terra.
Fogos órfãos de peitos vazios iluminam os frios
que à pele pertencem arrepios de sol negro.
Desfilam lábios secos pelas pernas mal depiladas
dos dias zero badalados no sino de um campanário
que não existe.
 

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Thursday, January 13, 2011 - 20:31

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Henrique

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«Possesões de

«Possesões de silêncio»...

de facto, o silêncio domina, por vezes, o tempo e o espaço...

poesia profunda...deixa-nos a divagar  no íntimo do ser... 

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